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Judô

Chiaki Ishii será o primeiro a receber Ordem do Mérito da CBJ

Sensei foi o primeiro medalhista olímpico e mundial do judô brasileiro. Em 2016 conquistou o ouro no mundial de veteranos

Em 2019, ano de seu Cinquentenário, a Confederação Brasileira de Judô instituiu a condecoração da Ordem do Mérito da CBJ, que homenageará personalidades e instituições com importantes serviços prestados ao judô brasileiro. O primeiro a receber a honraria será justamente um pioneiro da nossa modalidade, sensei Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico e mundial do judô brasileiro.

Nesta sexta-feira (24), o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges, acompanhado pelo coordenador da seleção brasileira de judô, Luiz Shinohara, e do gestor de eventos nacionais da CBJ, Matheus Theotônio, visitaram o sensei Ishii, que se recupera, firmemente, de um problema de saúde, em sua residência em São Paulo.

No encontro, o presidente da CBJ oficializou a Ishii pessoalmente a intenção e a indicação do conselho da Ordem do Mérito em outorgar a honraria, que será entregue em solenidade oficial em julho. Além disso, o ex-atleta e técnico da seleção brasileira de judô foi presenteado com uma camisa oficial da seleção brasileira de judô e o livro de memórias dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

“Essa homenagem vem para retribuir o esforço de uma vida dedicada ao judô a para reconhecer a grandeza de seus feitos no tatame”, afirma Silvio Acácio. “A medalha de bronze conquistada por Chiaki Ishii nos Jogos Olímpicos de Munique 1972, um ano após outro feito histórico, o bronze no Mundial de Ludwigshafen, na Alemanha, foi fundamental para abrir e pavimentar o caminho dos judocas brasileiros que, nos Jogos Olímpicos seguintes, transformaram o Judô na modalidade mais vitoriosa do esporte olímpico nacional com 22 pódios. Seu legado ficará para sempre marcado na história do judô brasileiro e seu exemplo segue, até hoje, inspirando as novas gerações de judocas”, completou o presidente da CBJ.

Chiaki Ishii

Nascido em 1º de outubro de 1941 em Ashikaga, Japão, Chiaki Ishii chegou ao Brasil na década de 1960 em busca de uma nova vida após a frustração de perder a seletiva olímpica para representar o judô japonês nos Jogos de Tóquio 1964, quando o Judô entrou pela primeira vez no programa olímpico.

Influenciado pelos filmes de faroeste norte-americanos dos anos 50 e 60, Ishii tinha o sonho de ser fazendeiro, ou cowboy. Trabalhou em fazendas no interior de São Paulo, mas, com dificuldade para realizar o sonho no começo da jornada no Brasil, voltou-se para o esporte que havia treinado desde pequeno, na academia do avô, no quintal de casa. Além de ensinar judô, ele passou a desafiar judocas brasileiros em troca de recompensas, algumas vezes até por comida.

Chamava atenção sua técnica e a velocidade com que finalizava seus combates por ippon. Foi então que, a pedido de Augusto Cordeiro, então presidente da Confederação Brasileira de Pugilismo, que administrava o judô no Brasil, Ishii naturalizou-se brasileiro e, com isso, vieram títulos nacionais, sul-americanos, pan-americanos e os mais importantes: o bronze no Mundial de Ludwigshafen 1971 e o bronze olímpico em Munique 1972.

Até hoje, Ishii ainda usa a sua academia em São Paulo para passar o conhecimento para novas gerações de medalhistas olímpicos, como Rafael Silva, bronze em Londres 2012 e Rio 2016.

Tânia e Vânia, filhas do sensei, também levaram o sobrenome Ishii aos Jogos Olímpicos. Tânia foi a Barcelona 1992. Vânia representou o Brasil em Sydney 2000 e Atenas 2004.

Imparável, Ishii voltou às competições internacionais em 2016, e conquistou o ouro no Campeonato Mundial de Veteranos, na categoria meio-pesado M10, aos 75 anos.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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