O Regulamento Nacional de Eventos da CBJ deste ano criou pontos que contribuem para a ampliação da igualdade de gênero no esporte. Um é a paridade na graduação mínima em todas as classes de idade e competições. Além disso, estabeleceu-se cota mínima de duas árbitras para atuar nas disputas nacionais.
As medidas integram a política de promoção da igualdade de gênero e aumento da representatividade feminina. É uma das principais agendas do Comitê Olímpico Internacional para os Jogos de Tóquio 2020.
Com a igualdade na graduação, cai a única diferença no regulamento de competição masculinas e femininas. Até 2018 era faixa roxa para homens e verde para mulheres. O nivelamento foi para cima, pois agora todo mundo tem de ser roxa.
Também em 2019 foi criada a Comissão de Pesagem, que será formada por um técnico homem, uma técnica mulher, um árbitro e uma árbitra.
Fora dos tatames também há luta por respeito. No começo de fevereiro, a nadadora Joanna Maranhão foi convidada para, dentre outros temas, relatar sobre abusos de um treinador sofridos quando era criança. Destacou ainda o trabalho realizado pela sua ONG, Infância Livre, no combate à pedofilia.
“Trouxe até mesmo detalhes que eu sei que essas meninas conseguem ouvir por mais duro que sejam”, disse, na ocasião. “O que eu espero é que minha palavra tenha iluminado elas para entenderem que é possível desenvolverem a melhor versão de si mesmas”, concluiu.
Mayra, Edinanci, Rafaela, Ketleyn, Yuko Fujii e muito mais
São muitos os exemplos de sucesso das judocas brasileiras pelos tatames mundiais. Ketleyn Quadros, por exemplo, foi a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica em esportes individuais. Bronze em 2008.
Mayra Aguiar também entrou para a história com um feito inédito em todo o esporte nacional. Primeira atleta a ganhar duas medalhas olímpicas em um esporte individual, bronzes em 2012 e 2016. Como se fosse pouco, ainda é bicampeã mundial.
Também em 2012 Sarah Menezes entrou para a história ao se tornar a primeira judoca brasileira a conquistar uma medalha de ouro olímpica.
Em 2016, no Rio, foi a vez de Rafaela Silva subir no ponto mais alto do pódio olímpico. Assim, marcou seu nome como o primeiro judoca, entre homens e mulheres, campeão olímpico e mundial. Havia vencido o mundial em 2013. De quebra, ainda é campeã mundial militar.
Edinanci Silva teve de superar obstáculos duríssimos, além dos tradicionais, fora do dojo. Em 1996, para poder ir aos Jogos de Atlanta, teve de se submeter a um teste de feminilidade para poder lutar. A paraibana tem dois pódios em mundiais.
Já a japonesa Yuko Fujii, em 2018 tornou-se a primeira mulher a treinar uma seleção principal masculina de judô.
Samurais da armadura branca
Destacar alguns é sempre cruel, pois acaba deixando de lado nomes tão importantes para o esporte nacional, cujas contribuições imateriais não podem ser devidamente medidas. Entre elas estão Rosicleia Campos, Solange Pessoa, Soraia André, Vânia Ishii, Monica Angelucci, Fabiane Hukuda, Daniele Zangrando, Marilaine Ferranti, entre tantas outras.
Elas fizeram parte de uma caminhada que tem efeitos visíveis, mas ainda tem chão. Do total de atletas federados na CBJ, por exemplo 75% são homens. Entre os técnicos só 14% são mulheres.
Por outro lado, no ano passado, o número de meninas inscritas no Brasileiro Sub-18 superou o de meninos: 190 a 188.