Eduardo Yudy, Rafael Macedo, Samanta Soares e Maria Suelen Altheman fecharam com chave de ouro, ou melhor, com medalhas de ouro, a campanha do Brasil no 38º Mundial Militar de Judô, disputado no Rio de Janeiro entre quinta 8 e sábado 10. No total, foram dez ouros, sendo oito no individual e as duas por equipes, além de sete bronzes na melhor participação brasileira na história da competição. A anterior havia sido em Astana 2013, com seis ouros, sete pratas e um bronze.
Eduardo Yudy (-81kg) entrou na decisão para enfrentar o atual quinto do mundo, o russo Alan Khubetsov. A disputa começou bem amarrada, com ambos tomando juntos uma punição por falta de combatividade. Na metade final, Khubetsov entrou duas vezes com perigo, mas quem abriu a contagem foi o Yudy com um waza-ari.
A trinta segundos do fim, o russo foi para o tudo ou nada, arrancou mais uma punição para o brasileiro, mas em uma entrada tomou o contra-ataque de Yudy, que colocou o russo de costas no tatame e garantiu o ippon dourado. O brasileiro já havia vencido Khubetsov por ippon neste torneio em uma das lutas da final masculina por equipes.
Maria Suelen Altheman (+78kg) também enfrentou uma rival mordida, a francesa Julia Tolofua, derrotada dois dias antes pela brasileira na luta que deu ao país o ouro do torneio por equipes feminino. A brasileira saiu na frente com um waza-ari ainda no primeiro minuto. O confronto era equilibrado até que Maria Suellen conseguiu o golpe perfeito para vencê-la novamente.
Samanta Soares (-78kg) encarou a forte e alta Aleksandra Babintseva, atual 21º do mundo, duas posições à frente da brasileira. A disputa foi bem acirrada e franca, com a russa chegando a arrancar a parte de cima do judogui de Samanta por duas vezes. A brasileira quase definiu a luta com uma técnica de pé nos segundos finais do tempo normal, mas sem sucesso.
No Golden Score, a luta continuou brigada e a brasileira cometeu um erro na pegada, gerando a segunda punição, contra uma para Babintseva. Ciente disso, a russa aumentou o volume, mas foi a brasileira que, novamente com sua técnica de pé, quase pontuou. Na sequência, segunda punição à russa e tudo empatado. Chegando no terceiro minuto do tempo extra, com ambas exaustas, a Babintseva exagerou na defesa, tomou a terceira punição e a brasileira levou o ouro mais dramático do dia.
Rafael Macedo (-90kg) venceu outro representante da França, Lorenzo Pericone, algoz de Eduardo Bettoni nas quartas-de-final do torneio. O primeiro grande momento do brasileiro foi na metade do confronto, quando conseguiu projetar o rival, mas sem conseguir pontuar. Segundos depois, nova tentativa e desta vez Pericone caiu de lado. Waza-ari! O francês tentou reagir, sem sucesso, e Macedo conseguiu administrar até o fim.
Mais quatro
Além dos quatro ouros, o fechamento da competição rendeu ainda mais quatro bronzes. O primeiro veio com Alexia Castilhos (-63kg) vencendo a polonesa Agata Ozdoba, 14ª do ranking e medalhista de bronze no Mundial de Budapeste no ano passado, além de ter vencedora do mundial militar em 2015. A brasileira já havia travado um duelo equilibrado na semifinal contra Clarisse Agbegnenou, atual vice-campeã olímpica, tri mundial e líder do ranking da FIJ, com a francesa só conseguindo a vitória nos segundos finais.
Eduardo Bettoni (-81kg) disputou o bronze contra o chinês Wei Wang. A luta foi muito travada, com ambos tomando duas punições ainda no tempo normal, mas o brasileiro conseguiu achar um waza-ari no Golden Score. O de Leonardo Gonçalves (-100kg) veio na vitória contra o sérvio Bojan Dosen em uma luta bem aberta, definida pelo brasileiro com um uchi-mata.
David Moura (+100kg) fechou a conta dos bronzes sem tomar conhecimento do sírio Yahya Hasaba. No início do combate pontuou com um waza-ari e logo a seguir encerrou a luta com uma imobiliação.
Ellen Santana (-70kg), a atleta mais nova da deleção brasileira, enfrentou uma pedreira na classificatória. Logo na estreia pegou a vice-campeã mundial Marie-Ève Gahié, da França. Acabou perdendo e indo para a disputa do bronze contra a eslovena Anka Pogacnik, que venceu.
Medalha, Medalha, Medalha
O resultado dourado deste sábado repetiu o da sexta 9, quando o Brasil venceu todas as quatro finais que disputou com Rafaela Silva (-57kg), Eric Takabatake (-60kg), Jessica Pereira (-52kg) e Charles Chibana (-66kg). Vieram ainda três bronzes com Gabriela Chibana (-48kg), Tamires Crude (-57kg) e Marcelo Contini (-73kg).
A grande final foi entre Rafaela Silva e Helene Receveaux, da França. Até o início deste mundial, Rafaela havia perdido todas as quatro lutas que fizera contra a francesa no circuito internacional. Mas no Rio, sua cidade natal, deu o troco em grande estilo vencendo a rival não apenas na final individual, mas também por equipes.
Antes de Rafaela, o Brasil já havia conquistado ouros com Eric Takabatake passando por cima do russo Sakhavat Gadzhiev e conseguindo, ainda, tirar uma espinha da garganta. “Eu tinha perdido para ele e tinha aquele sentimento de revanche.” Gadzhiev derrotou o brasileiro no Grand Slam de Ekaterinburg em março.
Jéssica Pereira levou seu ouro vencendo russa Yulia Kazarina imobilizando a rival com um sankako no Golden Score, e Charles Chibana também precisou lutar muito para bater o russo Alim Balkarov com um o-soto-gari que deitou o russo nos segundos finais do combate.
Equipes
No torneio de seleções, que abriu o mundial na quinta 7, o Brasil fez barba e cabelo com os times masculino e feminino conquistando a medalha de ouro. Foram duas finais emocionantes, contra Rússia e França respectivamente, decididas apenas na última luta dentro de um ginásio que mais parecia uma panela de pressão. O torneio militar não usa o sistema da FIJ, com torneios mistos para equipes.