O Brasil conquistou todas as quatro medalhas de ouro que disputou no primeiro dia das competições individuais do Mundial Militar de judô, no Rio de Janeiro, nesta sexta 9. Com um ginásio ensurdecedor, Rafaela Silva, Eric Takabatake, Jessica Pereira e Charles Chibana venceram suas categorias. De quebra, vieram ainda três bronzes com Gabriela Chibana, Tamires Crude e Marcelo Contini.
A grande luta do dia foi o embate entre Rafaela Silva (-57kg) e Helene Receveaux, da França. Até o início deste mundial militar, Rafaela havia perdido todas as quatro lutas que fizera contra a francesa no circuito internacional, sendo a última no Mundial da Federação Internacional de Judô (FIJ), no fim de setembro. Mas aqui no Rio, sua cidade natal, deu o troco em grande estilo vencendo a rival em duas finais. A primeira na decisão por equipes na quinta 8.
“Eu venho trabalhando bastante. Todo mundo sabe que nas últimas últimas quatro lutas eu perdi para ela então vim para fazer um trabalho diferente”, disse para o SporTv, aliviada, logo após deixar o tatame. “Tem aquele gostinho de ser brasileira, lutar aqui na nossa casa faz a diferença”, acrescentou, lembrando que já havia vencido um Mundial e uma Olimpíada na cidade maravilhosa. “Tudo no Rio”.
A luta, como prometia, foi duríssima. Receveaux por diversas vezes quase encaixou seu o-uchi-gari, mas Rafaela conseguiu se livrar de todos e respondeu buscando a projeção, também sem sucesso. Em um uchi-mata da francesa, mais um aflitivo ‘quase’ ainda no tempo normal.
No Golden Score, Rafaela seguiu ‘dando’ a entrada para a Receveaux e, em uma delas, encaixou seu contragolpe mortal, colocou a francesa de lado no solo e saiu comemorando o waza-ari que valeu o ouro.
Garimpo
Antes de Rafaela, o Brasil já havia conquistado três ouros no dia. O primeiro veio com Eric Takabatake (-60kg) passando por cima do russo Sakhavat Gadzhiev. Em menos de um minuto projetou o adversário duas vezes, sendo que na primeira, um o-uchi-gari, valeu um waza-ari. Segundos depois entrou um seoi-nage para cravar mais um waza-ari e o consequente ippon.
Na saída do tatame não escondeu que estava com o russo engasgado. “Eu tinha perdido para ele e tinha aquele sentimento de revanche”, afirmou. Gadzhiev derrotou o brasileiro no Grand Slam de Judô Ekaterinburg em março, tirando o brasileiro do caminho do bronze.
Jéssica Pereira (-52kg) teve mais trabalho com a russa Yulia Kazarina, vencendo apenas no Golden Score. O início da luta foi marcado por uma forte disputa pela pegada, e Jessica só passou a dominar a partir do meio do confronto. Mesmo assim, quase foi projetada em uma boa entrada da adversária.
No Golden Score, ainda no primeiro minuto, Jéssica imobilizou a rival com um sankako e levou o ouro. Após a vitória, correu para os braços de uma emocionada mãe que estava, junto com toda a família, berrando a plenos pulmões na torcida. “Fiquei muito feliz de eles poderem ver essa vitória”, afirmou, após receber a medalha.
Charles Chibana também precisou lutar muito para bater o russo Alim Balkarov. Chegou a tomar um susto ainda nos primeiros dez segundos da luta, quando foi projetado e teve um waza-ari contra marcado, que acabou sendo retirado pelo árbitro após revisão de vídeo. A luta foi aberta e intensa o tempo todo, mas no final o brasileiro entrou um o-soto-gari que deitou o russo e valeu o ippon.
Chibana já havia vencido Balkarov na segunda luta da decisão por equipes do dia anterior. De quebra ainda ‘vingou’ Daniel Cargnin, derrotado pelo russo na semifinal do torneio individual.
Bronze
O bloco final do dia do Mundial Militar começou com Gabriela Chibana (-48kg) brigando pelo bronze. Logo no começo a brasileira entrou um kouchi makikomi muito bem encaixado que pregou as costas da chinesa Zixiao Guo no tatame.
Tamires Crude, por outro lado, teve uma luta mais equilibrada contra a chinesa Yu Lan conseguindo o golpe vencedor, o-uchi-gari, no final. Waza-ari marcado, vantagem administrada e bronze no peito.
Marcelo Contini (-73kg) também venceu a disputa pelo bronze, sobre o russo David Gomozov e emocionou-se com a vitória. “Bronze com sabor de ouro”.
Daniel Cargnin (-66kg) foi o único que ficou sem medalha no Mundial Militar, mas foi por muito pouco. Enfrentou o cazaque Amirbek Zhengissov, que havia perdido para o brasileiro na primeira rodada das classificatórias e chegou à disputa pelo bronze via repescagem. Cargnin dominou toda a luta, tanto que Zhengissov tomou duas punições por falta de combatividade. O brasileiro chegou a imobilizar o rival, mas ele escapou e em um contra-ataque, já nos segundos finais, conseguiu um waza-ari.