Antes da prova, Victor Santos foi procurado para contar sua história para imprensa de vários países.
Victor Santos, o jovem da comunidade São Remo, de São Paulo, está prestes a dar o passo mais importante de sua curta carreira esportiva. Aos 20 anos, o menino que há cinco anos lavava carros na Universidade de São Paulo disputará a prova de 15km estilo livre de esqui cross country dos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang 2018. A prova será realizada nesta sexta-feira (16), as 4h (no horário de Brasília), no Alpensia Cross Country Centre.
Victor Santos é um dos jovens destaques do Projeto Social Ski na Rua, do atleta olímpico Leandro Ribela. O projeto dá opção aos jovens carentes da São Remo, favela localizada ao lado da Cidade Universitária da USP, de praticarem o roller ski – esquis com rodinhas. Antes de ingressar no projeto, Victor lavou carros na rua, foi flanelinha e trabalhou como empacotador de supermercado. Em menos de cinco anos em contato com o esporte, Victor chegou aos Jogos Olímpicos.
Sua história de evolução e superação tem despertado interesse no mundo todo. Desde que chegou em PyeongChang, o atleta teve sua trajetória contada por várias televisões internacionais. Apesar de jovem, Victor não parece sentir a responsabilidade.
“Nem dá muito tempo para ficar nervoso com a prova porque acabo pensando em outras coisas. Desde que cheguei estou passando por uma rotina de alimentação, fisioterapia, treinamento e algumas entrevistas. Consegui fazer bons treinos na pista então isso está me deixando tranquilo. Melhor ficar calmo e relaxado para controlar o nervosismo e a ansiedade”, disse o atleta. “Se eu consegui deixar tudo o que eu treinei na pista eu vou ficar feliz. O resultado é consequência do que eu fiz esses anos”, afirmou o jovem esquiador.
Victor e o treinador Leandro Ribela chegaram à Coreia vindos da Itália, onde ficaram por três meses para o treinamento específico para os Jogos Olímpicos. Ano passado, Victor disputou o Campeonato Mundial da Finlândia e o Campeonato Mundial Júnior nos Estados Unidos. Em 2018, outro Mundial Júnior na Suíça. “Acredito que o Victor tem condições de fazer uma prova consistente, dentro de um bom ritmo, concentrado e aplicando uma boa técnica. Ele já provou ser capaz de fazer boas provas, controlando tudo aquilo que treinamos nesses últimos anos”, disse Ribela.
“Estou muito concentrado e confiante no treinamento que eu consegui fazer nessa temporada. Foi muito difícil, muito sofrido ao longo da temporada, mas estou preparado para a prova”, afirmou Victor, que chegou a PyeongChang no dia 7 de fevereiro. Desde então, passou por várias sessões de treinamento no local da prova. “Consegui reconhecer bem a pista, treinei bastante nela. Fiz alguns treinos de velocidade para sentir o cansaço em alguns pontos do percurso”, revelou o paulista.
Desde o início no esporte, o jovem mostrou muita aptidão física e técnica para a modalidade. Em 2014 foi pela primeira vez treinar na Europa. Em 2015, o atleta foi campeão pela primeira vez do Circuito Brasileiro de Rollerski, título que repetiu em 2016 e 2017, chegando ao tricampeonato. O jovem também bateu o recorde brasileiro júnior e adulto da modalidade. Victor disputou a classificação olímpica com outros 10 atletas que também alcançaram o índice Olímpico. Mas o jovem da carente São Remo levou a melhor.
O esqui cross country é a modalidade de resistência dos Jogos Olímpicos de Inverno, onde os atletas esquiam em grandes distâncias. Na prova de 15km estilo livre, os atletas largarão com intervalos de 30 segundos entre eles. O vencedor será aquele que fizer o menor tempo de prova. No estilo livre, o atleta não é obrigado a esquiar com os esquis em paralelo, como no estilo clássico.