“Foi amor a primeira vista”. Assim define Emílio Strapasson, 43 anos, seu primeiro contato com os esportes no gelo. “A minha caminhada começou vendo o Fantástico, com a equipe brasileira de bobslead sendo entrevistada em 2002, Salt Lake City.”
Em live da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, o ex-presidente da CBDG e ex-atleta de skeleton, contou como surgiu sua paixão pelos esportes no gelo e como mudou a gestão da entidade.
Impulsivo
“Eu nem sabia alongar e fui para o Canadá fazer uma seletiva de skeleton”. Meio inconsequente, mas movido pela paixão, Emílio Strapasson se jogou, literalmente, na modalidade de inverno.
“Eu olhei a pista e pensei ‘o que eu estou fazendo aqui, não é possível que eu vá descer isso’, mas desci”. Mais do que isso, Emílio Strapasson se destacou entre os quatro brasileiro que foram a Calgary fazer a seletiva.
“Acabei me saindo melhor do que os atletas profissionais que participaram comigo, acho que eles estavam com medo.” Mas Emílio também estava com medo, mas sua paixão e o sonho de disputar uma olimpíada eram maiores.
Quase
“Meio sem saber direito como, eu coloquei na cabeça que iria participar de uma olimpíada de inverno.” Na época, a CBDG não tinha uma gestão clara e muito menos orientava e dava suporte aos atletas.
“Fui para uma seletiva olímpica e precisava ficar entre os oito primeiros para me classificar. Eu tinha condições de ficar entre esses oito. Mas um libanês acabou pegando a minha vaga.”
Só que o tal atleta do Líbano competiu com um capacete fora das regras. “Eu tinha que pagar € 50 para apelar da decisão. Só que fiquei esperando os irlandeses fazerem isso. Eles não fizeram, eu não fiz e ficou por isso mesmo.”
Passa a frustração, Emílio Strapasson avalia que sabia muito pouco das regras do jogo e que foi um pioneiro solitário. “Enquanto eu competia e me esforçava, a antiga direção da CBDG se hospedava nos melhores hotéis e comia nos melhores restaurantes.”
Gestão pela paixão
O sonho olímpico congelou, mas os anos de atleta fizeram com que Emílio Strapasson crescesse como pessoa. E mais do que isso: fez com que o ex-atleta despertasse para os problemas da CBDG.
“Fui responsável por coordenar uma auditoria contábil e jurídica. Os clubes não tinham representatividade legal, as prestações de contas sempre foram apresentadas com atraso. Muitos familiares ocuparam posições de destaque na CBDG.”
A Justiça decidiu por intervir na entidade. O então presidente Eric Maleson foi afastado do cargo e Emílio assumiu como interventor. Pouco tempo depois, foi eleito presidente e mudou a gestão da CBDG. Atualmente, a entidade está entre as 15 melhores do ranking do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
“Hoje, os esportes de inverno do Brasil possuem uma gestão que visa o alto rendimento e a perpetuação do esporte. Temos planejamento e a Arena Ice Brasil é o maior exemplo disso.”
A CBDG tem como missão possuir seleções permanentes em cada modalidade e possuir resultados esportivos top 10 mundial em 2 modalidades até 2022.
Graças à Emílio Strapasson, é permitido sonhar nos esportes de gelo, sem que o sonho derreta.