Do ótimo blog do jornalista José Cruz, agora hospedado no UOL:
Memórias e legados
Para que o Rio de Janeiro tivesse um Pan-Americano tranquilo – e teve – o governo do Presidente Lula investiu R$ 562 milhões (mais de meio bilhão de reais) em ações de segurança. Recordo esse fato para ativar a memória olímpica.
Com o dinheiro oficial, saiu o seguinte “carrinho de compras”, como dizem os colegas aqui do Contas Abertas:
500 carros para a polícia carioca
8.253 rádios comunicadores
1.356 armas, entre fuzis, carabinas e pistolas
120 mil munições
Um centro de monitoramento por câmeras
Diante do arsenal, discursou o então secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, hoje diretor da Polícia Federal: “O Estado terá mais capacidade de inteligência nas investigações. Será possivel antever ações dos criminosos”.
Palavras do Ministro do Esporte, Orlando Silva: “Todo esse equipamento ficará no Rio de Janeiro como legado para a segurança dos cariocas”.
Noticiário de hoje, dois anos depois do Pan: “A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro suspendeu as atividades em escolas do centro da cidade, deixando 1.300 alunos sem aula. Motivo: um intenso tiroteio entre policiais e traficantes dos morros da Coroa e da Mineira”.
Quando o governo adquiriu o armamento, esqueceu de combinar com a bandidagem que havia um “legado” a honrar. Na dúvida, suspendam as aulas.
Esse fato mostra que uma coisa é o discurso oficial;a outra é o fato real. O carioca convive com o fato real. Mais: legado não é o carro de segurança nem o armamento; é a educação, que se faz, também, pelo esporte. Justamente o que nos falta em termos de política integrada de governo.
Sobre isso, vamos comentar, em breve, mostrando como é o diálogo do governo, na Esplanada dos Ministérios.