O Pan é delas! Se o Brasil viveu o seu melhor Pan na história dos Jogos, as mulheres também. O esporte feminino viu crescer o resultado na mesma proporção. Acima disso, as mulheres tiveram os holofotes: começando com a porta-bandeira no início e no fim. A delegação brasileira contou com 486 atletas e 236 mulheres. A mais equilibrada equipe da história do Brasil: 48,7% eram mulheres.
E por falar em porcentagem… Das 171 medalhas do Brasil, 76 pódios tiveram mulheres com 22 medalhas de ouro, 44,4% das conquistadas pelo Brasil. É verdade que 8 do total foram de modalidades mistas. O pódio de Lima 2019 contou com 117 mulheres brasileiras subindo em algum degrau – somando as conquistas coletivas.
Se foram 236 mulheres ao Peru e dessas 117 medalharam – logo uma porcentagem de 49,57% de aproveitamento. É um crescimento gigante se você comparar com as últimas participações. Em Toronto foram 13 ouros e 63 pódios, em Guadalajara foram 6 ouros e 21 pódios, e no Rio foram 15 ouros e 57 pódios das mulheres.
– No gênero feminino, há grande campo para evolução. O esporte feminino é uma das maiores possibilidades de evolução que existe no esporte olímpico. Investimento pode ser canalizado e desenvolvido para elas – avaliou o gerente do COB, Jorge Bichara, ao final do Pan.
Elas ganham menos, tem menos visibilidade, mas passam a ser o caminho de investimento. A busca da igualdade é o ideal para o desenvolvimento do esporte. Por isso, vamos relembrar todos os fatos marcantes das mulheres do Brasil na história dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019!
O marco de Martine e Kahena
Pela primeira vez nos Jogos Pan-Americanos, o Brasil teve como porta-bandeira uma mulher, ou melhor, logo duas. Martine Grael e Kahena Kunze foram as responsáveis por causar e mostrar toda a originalidade brasileira na Cerimônia de Abertura de Lima 2019. “Toda a representatividade feminina. Acho que estar carregando todo o peso das mulheres e os atletas. Muito feliz,” disse Kahena após o anúncio. “Quebramos o padrão de tantos anos só homens levando a bandeira”, disse Martine.
A foto já mostra a sintonia da dupla: “Não faria sentido não ter as duas aqui. Estivemos juntas nas conquistas. Achei incrível que fizeram esse pedido e estou muito animada. Vamos chacoalhar essa bandeira. Não faria sentido não estar as duas, pois conquistamos tudo juntas. Ser dupla é muito significativo. Achei incrível que fizeram esse pedido para serem as duas,” confirma Martine.
Além da importante marca conquistada na abertura, Martine Grael e Kahena Kunze foram campeãs da classe 49er FX da Vela completando todos os maiores títulos da modalidade: Olimpíada, Mundial e Pan.
O recorde de Larissa Oliveira
Duplo recorde para Larissa Oliveira na edição dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. A nadadora foi a única com sete pódios em uma mesma edição do Pan e com o maior numero de medalhas somando todas as edições que participou: 10, ao lado da ginasta Daniele Hypolito. No Peru, Larrissa foi ao pódio nos revezamentos 4x100m medley misto, 4x100m livre, 4x100m livre misto, 4x200m livre e 4×100 medley, além dos 100m e 200m livre. Da uma olhada no tanto de medalha da foto!
“É muito bom isso para o esporte feminino como um todo. Eu acho que a mulher vem ocupando o seu espaço, não só no esporte, mas como em tudo na sociedade. Isso é só mais uma prova que a gente está aí, buscando por nossas igualdades de direitos e espaços, tudo. Pra mostrar que nós mulheres temos força sim e a gente está pronta pro que der e vier”, disse Larissa após a marca histórica que conquistou.
A dobradinha de Viviane Jungblut
A gaúcha Viviane Jungblut fez história nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. Depois do bronze, na maratona aquática 10km, ela conquistou o terceiro lugar também nos 800m livre da natação. A primeira atleta da história a ter medalha nas duas modalidades na mesma edição dos Jogos.
“Eu estou bem feliz com essa medalha. Teve um gostinho diferente, está mais gostoso. O objetivo eu sabia que seria uma prova muito difícil. Nadei os 400m e não foi uma prova muito boa, mas consegui refocar nas provas de piscina. Vi que eu poderia melhorar e estar disputando essa medalha nos 800m”, falou após a prova Viviane.
O pioneirismo de Bia Ferreira
Que força! Beatriz Ferreira conquistou a medalha de ouro, na categoria até 60kg, e fez história a se tornar a primeira mulher do boxe do Brasil a garantir um ouro em edição de Jogos Pan-Americanos. “Sensação de dever cumprido. Missão dada e missão cumprida. Respeitei a estratégia e consegui o ouro”, disse Bia.
O Brasil contou, ainda, com outras medalhas importantes em esportes de luta como: Milena Titoneli e Talisca Reis, no taekwondo, Valéria Kumizaki, no caratê, entre outras.
As dificuldades de Nathasha Figueiredo
Quarto lugar no levantamento de peso em Lima 2019, Nathasha Figueiredo está em um esporte predominantemente masculino. Ciente do caminho difícil que teve que trilhar, ela mesma tinha certa resistência no início, no entanto, hoje sabe da importância de ter cada vez mais mulheres na modalidade.
“Eu acredito que sim. Pelo menos pelo que eu escuto um pouco machista até de algumas pessoas. Mas assim como a frase brasileira: ‘brasileiro não desiste nunca’. Eu creio que as coisas vão melhorar, o esporte vai difundir mais, assim como a gente difundiu o Crossfit. Com a Olimpíada do Brasil já deu uma melhorada. Acredito que por ser um esporte de força, vamos difundir mais”, contou Nathasha.
A loucura de Nicole Pacelli
“Eu comecei a surfar de stand up eu tinha uns 16 anos. Quando eu comecei as pranchas eram bem grandes e quando eu ia para o mar os outros surfistas e todo mundo me perguntava: ‘nossa o que você está fazendo com esse remo, essa prancha? Que doida!”, diverte-se Nicole Pacelli, hoje com 28 anos.
A surfista brasileira ficou com a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 grávida. Desbravou a modalidade em seu início e hoje é uma das pioneiras: “Aí eu fui evoluindo. Corri o primeiro circuito mundial feminino de stand-up e ganhei. Então eu fui a primeira campeã mundial de stand up”. O terceiro lugar em Lima também tem seu caráter desbravador, já que foi o primeiro do SUP Surfe na história dos Jogos.
A bravura de Ana Sátila
Ana Sátila provou que era a grande favorita e venceu com folgas no C1 feminino e no K1 extremo. A canoísta brasileira conseguiu manter o plano: “A cada segundo eu tinha que manter o que estava decidido, qualquer descuido e qualquer deslize, tocar uma pedra, perder o remo, poderia tomar uma penalidade muito grande. E o desafio desde o início era manter o plano, felizmente eu consegui fazer um descida muito boa e sem penalidade. Essa medalha de ouro foi só a primeira!”
Ela ainda comentou que o Pan é muito diferente de qualquer competição. “Competi o Mundial há duas semanas e não senti a pressão que senti aqui representando meu País. Para mim foi mais um grande desafio. Tentei fazer o meu melhor, mantive o plano para assegurar a medalha de ouro e estou muito contente com meu resultado,” disse a brasileira depois das medalhas.
A persistência de Nathalie Moellhausen
Dona da medalha de ouro no Mundial de esgrima em 2019 e medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, Nathalie Moellhausen é brasileira naturalizada e apaixonada pelo país. Tem como sua principal missão ajudar a difundir a modalidade em um futuro próximo. Antes, quer a medalha Olímpica. Para isso insiste em cobrar investimento.
“Seria bom que o que aconteceu de positivo desde a Rio 2016 com o meu resultado positivo, do Toldo e tudo que estamos demonstrando. Reconstruímos uma equipe. Eu ganhei o Campeonato Mundial, fazer medalha… Tudo isso tem que ser o momento onde o Brasil fala: tá bom, vamos investir nesse esporte. A gente pode criar uma coisa pra o futuro. A gente está mostrando tudo isso. Agora a gente precisa do apoio de vocês. Para que todas essas meninas (eu tenho 33, vou parar daqui a pouco), mas elas podem, elas merecem ter uma oportunidade. A oportunidade o país que dá”, defende a brasileira.
A velocidade de Vitória Rosa
Vitória Rosa conquistou três medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019: 100m e 200m rasos. Além de participar na equipe do revezamento 4x100m. Marca expressiva para a atleta: “eu sou do tipo de pessoa que quero sempre mais. Estou mega feliz pelo resultado, feliz pela marca do meu melhor resultado pessoal”, contou ela ainda na semifinal.
A juventude de Bruna Takahashi
Primeiro Jogos Pan-Americanos. 19 anos. Bruna Takahashi estreou com o pé direito. A brasileira voltou para o Brasil com quatro medalhas no pescoço: duas pratas (por equipes e duplas mistas) e dois bronzes (individual e duplas femininas). Mas não pense que ela está satisfeita. Takahashi quer mais. Muito mais.
“Mesmo conquistando 4 medalhas e tendo a melhor campanha no tênis de mesa feminino em um Pan-Americano, ficou aquele gostinho de querer mais. Saí arrasada nas competições em que disputamos o ouro, mas faz parte. Após digerir a derrota e analisando friamente, acredito que houve uma evolução em relação aos meus jogos contra as jogadoras mais fortes do torneio. (…) Esta foi minha primeira experiência no Pan e mesmo com as derrotas e conquistas, irei brigar bastante para melhorar e alcançar melhores resultados no futuro. Um atleta não conquista nada sozinho, ele precisa ter apoio de várias pessoas no dia a dia para conseguir o alto rendimento, então eu também gostaria de agradecer”, desabafou em sua rede social Bruna, após a competição.
A gana de vencer de Ana Marcela Cunha
Ana Marcela é braba! Na coleção são 12 medalhas em Mundiais na Maratona Aquática. A brasileira embarcou para Lima 2019 com a vaga já garantida para Tóquio 2020. Mas se engana quem pensa que isso muda algo. A sede de vencer foi a mesma e Ana Marcela conquistou a medalha de ouro inédita na carreira dos 10km nos Jogos. Agora começa a busca pela medalha olímpica.
“A gente começa a se preparar para os Jogos Olímpicos. Então começar com o pé direito não só com a medalha que faltava, mas com a de ouro. Foi muito importante nessa jornada. É mais um passo. É poder aprender e aprimorar um pouquinho esse final de prova. Depois a gente segue, tem bastante etapa de Copa do Mundo esse ano e no próximo ano. A gente espera manter o alto nível em cada prova”, diz Ana Marcela.
A representatividade de Rafaela Silva
Que poder! Rafaela Silva faz parte do seleto grupo de mulheres campeãs Olímpicas, Mundiais e agora: Pan-Americana. Depois de garantir o ouro em Lima 2019, ela não perdeu tempo e fez logo a sua cobrança: “Ainda não tenho o mais esperado, nunca fui porta bandeira do Brasil em lugar nenhum”, havia pedido logo após derrotar Ana Rosa na final do Pan. “A gente nunca participa da abertura e quando judô acaba a gente vai embora e nunca participa do encerramento”, cobrou a campeã mundial de 2013, atual campeã olímpica e agora atual campeã pan-americana. Pedido atendido com louvor e não é pra menos, né?
Lista das mulheres do Brasil que ganharam medalha nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019:
- Luísa Baptista – Triatlo – ouro
- Vittoria Lopes – Triatlo – prata
- Bruna Wurts – Patinação Artística – ouro
- Talisca Reis – Taekwondo – prata
- Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Thaís Fidelis, Lorrane dos Santos e Carolyne Pedro – Ginástica Artística – bronze
- Jaqueline Mourão – Ciclismo Mountain Bike Cross Country – bronze
- Ana Paula Verguts – Canoagem Velocidade K1 500m – bronze
- Luísa Baptista e Vittoria Lopes – Triatlo Revezamento Misto – ouro
- Flávia Saraiva – Ginástica Artística Individual Geral – bronze
- Milena Titoneli – Taekwondo – ouro
- Raiany Fidelis – Taekwondo – bronze
- Isabela Abreu e Priscila Oliveira – Pentatlo Moderno Revezamento – bronze
- Mariana Nep – Esqui Aquático Wakeboard – bronze
- Ângela Rebouças e Carolina Horta – Vôlei de Praia – bronze
- Handebol (14 atletas) – ouro
- Flávia Figueiredo – Boxe – bronze
- Flávia Saraiva – Ginástica Artística Solo – bronze
- Jucielen Romeo – Boxe – prata
- Fabiana Silva e Tamires Santos – Badminton Duplas – bronze
- Samia Lima e Jaqueline Lima – Badminton Duplas – bronze
- Jaqueline Lima – Badminton Duplas Mistas – bronze
- Lena Ribeiro – Surfe Stand Up Race – ouro
- Beatriz Ferreira – Boxe – ouro
- Natália Gaudio – Ginástica Rítmica Individual Geral – bronze
- Deborah Medrado, Camila Rossi, Nicole Pircio, Vitória Guerra e Beatriz Linhares – Ginástica Rítmica Conjunto Geral – bronze
- Carolina Meligeni e Luísa Stefani – Tênis Duplas – bronze
- Ana Marcela Cunha – Maratona Aquática – ouro
- Viviane Jungblut – Maratona Aquática – bronze
- Érica Sena – Atletismo Marcha Atlética 20km – bronze
- Ana Sátila – Canoagem Slalom C1 – ouro
- Ana Sátila – Canoagem Slalom K1 Extremo – ouro
- Chloé Calmon – Surfe Longboard – ouro
- Nicole Pacelli – Surfe Stand-Up Wave – bronze
- Deborah Medrado, Camila Rossi, Nicole Pircio, Vitória Guerra e Beatriz Linhares – Ginástica Rítmica 5 bolas – bronze
- Bia Bulcão – Esgrima Florete – bronze
- Bruna Takahashi – Tênis de Mesa Duplas Mistas – prata
- Bruna Takahashi e Jessica Yamada – Tênis de Mesa Duplas – bronze
- Deborah Medrado, Camila Rossi, Nicole Pircio, Vitória Guerra e Beatriz Linhares – Ginástica Rítmica 3 arcos e 2 pares de maças – ouro
- Bárbara Domingos – Ginástica Rítmica Fita – prata
- Andressa de Morais – Atletismo Arremesso de Disco – prata
- Fernanda Borges – Atletismo Arremesso de Disco – bronze
- Etiene Medeiros, Daynara de Paula, Larissa Oliveira e Manuella Lyrio – Natação 4x100m livre – prata
- Bruna Takahashi – Tênis de Mesa Individual – bronze
- Vitória Rosa – Atletismo 100m – bronze
- Nathalie Moellhausen – Esgrima Espada – bronze
- Etiene Medeiros e Larissa Oliveira – Natação 4x100m livre misto – prata
- Larissa Oliveira – Natação 200m livre – bronze
- Giullia Penalber – Wrestling – bronze
- Larissa Pimenta – Judô – ouro
- Giovanna Diamante e Larissa Oliveira – Natação 4x100m medley misto – ouro
- Larissa Oliveira – Natação 100m livre – bronze
- Viviane Jungblut – Natação 800m livre – bronze
- Etiene Medeiros – Natação 100m costas – bronze
- Izabel Vieira, Sabrina Pereira e Carolaini Pereira – Caratê Kata Equipe – bronze
- Laís Nunes – Wrestling – bronze
- Paola Reis – Ciclismo BMX Race – prata
- Rafaela Silva – Judô – ouro
- Aline da Silva – Wrestling – prata
- Patrícia Freitas – Vela RS:X – ouro
- Gabriela Nicolino – Vela Nacra 17 – mista – bronze
- Andressa Moreira, Vitória Rosa, Rosângela Santos e Lorraine Martins – Atletismo 4x100m – ouro
- Vitória Rosa – Atletismo 200m – prata
- Etiene Medeiros – Natação 50m livre – ouro
- Manuella Lyrio, Aline Rodrigues, Larissa Oliveira e Gabrielle Roncato – Natação 4x200m livre – bronze
- Polo Aquático (11 atletas) – bronze
- Martine Grael e Kahena Kunze – Vela 49er FX – ouro
- Isabel Ficker – Vela Lightning – mista – prata
- Juliana Duque – Vela Snipe – mista – bronze
- Aléxia Castilhos – Judô – bronze
- Basquete Feminino (12 atletas) – ouro
- Valéria Kumizaki – Caratê Kumite – ouro
- Jéssica Linhares – Caratê Kumite – bronze
- Bruna Takahashi, Jéssica Yamada e Carol Kumahara – Tênis de Mesa por Equipes – prata
- Giovanna Diamante, Larissa Martins, Etiene Medeiros, Jhennifer Conceição – Natação 4x100m medley – bronze
- Mayra Aguiar – Judô – ouro
- Beatriz Souza – Judô – bronze