“Nosso esporte é trabalhado na apresentação. Você não faz gol. Você tem que ser perfeito. E a perfeição é um negócio que requer muito cuidado.” Essa frase é de Monika Queiroz, técnica da brasileira medalha de bronze Natalia Gáudio. São três edições de Jogos Pan-Americanos e uma Olimpíada. Aos 26 anos, Gáudio, enfim, chegou ao seu objetivo de medalhar no continente no individual geral, na edição de Lima 2019. Com uma parceria de longa data, ela conseguiu manter a resiliência e chegar ao bronze com a treinadora.
“É um feito histórico. É a segunda vez que o Brasil entra no pódio geral. Das outras vezes a medalha conquistada foi pelo aparelho, não tirando o mérito porque a medalha por aparelho também é muito importante. Mas o geral é o principal. O geral é o que mostra quem foi, realmente, as três melhores da competição, a soma de todas as notas. Eu estou muito feliz, porque nos meus melhores sonhos eu imaginei esse momento e agora ele se tornou real”, disse Gáudio após a conquista.
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E essa medalha não veio de um dia para o outro. São mais de vinte anos de trabalho. Monika, literalmente, viu Natália crescer. A realidade da modalidade foi sendo transformada e, hoje, Gáudio passou a ser o nome de destaque no Brasil da Ginástica Rítmica. “Eu vejo que a gente cresce junto. O profissional tem que saber entender essas fases porque você também vai construindo o seu saber e a sua experiência. Entender as fases e viver com o futuro também, além do momento”, disse a técnica.
“Com ela aqui eu me sinto muito mais segura. Mais confiante para entrar na quadra, porque ela me dá mesmo essa força de técnica, de mãe, de estar ali do meu lado todo dia. E trabalhando comigo, acreditando no meu trabalho. Então, com certeza, é o Pan que eu me sinto mais forte e mais preparada,” contou a brasileira um dia antes da conquista da medalha.
E ainda completa: “É o Pan que eu me sinto mais preparada. Nos outros dois Pan-Americanos o primeiro que eu participei eu cai meio de para-quedas, porque na época eu estava treinando com o conjunto, depois voltei pro individual. Acabei viajando um pouco despreparada. O meu outro Pan-Americano que foi 2015 eu estava bem, porém eu não estava com a Mônica nos meus últimos dois Pan-Americanos eu tive que viajar com a técnica da Seleção que na época não era ela. A técnica era outra ginasta do individual. E isso faz toda a diferença.”
Gáudio sabe a diferença que faz ter Monika ao seu lado. A treinadora, nesse sábado (03), sofreu a agonia de buscar a revisão da nota e viu a brasileira vencer por uma diferença de apenas 0,050 para Barbara Domingos. A união é tão forte que até a comunicação entre elas é diferente. Como disse Natalia: “Eu e a Mônica, a gente está juntas há muitos anos. Eu comecei a treinar ela eu tinha nove aninhos de idade. Então é uma vida. Ela, realmente, é uma segunda mãe pra mim. A gente tem uma sintonia muito forte e a gente se entende só com o olhar. Então é muito bom isso, porque ela me passa confiança, garra, segurança na hora de entrar na quadra. Quando ela está do meu lado é muito mais fácil competir.”
O tratamento entre técnica e atleta vai muito além do trabalho. “Ela é minha atleta direta há 20 anos e está comigo desde criança. Eu vejo que o esporte precisa muito dessa relação pessoal. Eu sinto que, as vezes, as pessoas são muito distantes. Não conseguem passar isso pro atleta. O atleta fica com o treinador muito mais tempo do que com a família. Isso precisa ser um respeito contínuo desde a fase infantil. E precisa ter uma relação muito solidificada com o treinador,” conclui Monika.