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Pan 2019

Lena Ribeiro supera favorita, ondas e faz história no surfe

Lena Ribeiro aposta na ousadia e leva primeiro ouro da história do Pan no SUP race após final espetacular; no masculino Vinnicius Martins é prata

Lena Ribeiro. do surfe SUP Race, no Pan-Americano de Lima
(Marcello Zambrana/Lima 2019)

A brasileira Lena Ribeiro entrou para a história do Pan-Americano como a primeira atleta a conquistar o ouro no surfe, mais espeficicamente no Stand Up Paddle Race, ou SUP Race. Foi premiada após apostar na ousadia para vencer a grande favorita Candice Appleby, dos Estados Unidos, em um final de prova repleto de caldos causados pelas pesadas ondas de Punta Rocas, ao sul de Lima. No masculino, Vinnicius Martins ficou com a medalha de prata.

“A prova foi bem difícil. No começou eu ainda consegui ficar com a Candice, que era a grande favorita porque além de grande remadora ela é uma grande surfista. Então ela tinha todos os elementos para a prova”, disse Lena Ribeiro, logo após sair do gelado mar, nesta sexta (2). Candice terminou com a prata e a portoriquena Mariecarmen Rivera ficou com o bronze.

De fato a atleta dos Estados Unidos dominou a corrida com folgas até os útimos momentos. Foi quando a ousadia da brasileira fez a diferença. “A gente foi para a reta final com a portoriquenha muito perto de mim. Eu vi a Candice indo pelo lado esquerdo e sabia que era um trajeto mais conservador”. Ela viu também que a portoriquena ia arriscar. “Pensei ‘se eu for ser conservadora não vou pegar primeiro e a outra vai ser arrojada atrás’. E eu fui para o tudo ou nada”.

Lena Ribeiro. do SUP Race, no Pan-Americano de Lima

Lena extenuada após vencer, mas ela ainda não sabia do ouro (Marcello Zambrana/Lima 2019)

Deu certo, mas não é o fim da história. A prova de SUP Race é feita toda para além da arrebentação, mas a chegada é na areia. Então as atletas precisam superar o espaço onde as ondas quebram antes de sair correndo para a linha de chegada. E têm de levar o remo consigo. Foi neste momento que aconteceu a reviravolta.

Campeã sem saber

“Veio uma onda bem grande. Depois que eu remei nela eu vi que ia cair”. Ela caiu e perdeu toda a noção do que estava acontecendo. Não viu, por exemplo, que a Candice também tomou um caldo. “Até eu abrir o olho na linha de chegada eu nem sabia em que posição eu tava. Para mim, ela (a Candice), já tinha chegado”.

Após emergir do caldo, Lena Ribeiro achava que estava brigando pela prata. “Eu já tava muito feliz. Aí quando eu estava correndo na areia, vi a prancha da Candice e que ela ainda estava lá perto da prancha”.

A confusão foi tanta, que mesmo notando que a atleta dos Estados Unidos estava para trás, Lena ainda não sabia bem ao certo o que estava acontecendo. “Eu tinha dúvida se a menina (portoriquenha) que estava disputando do meu lado não tinha me passado. Eu perdi muito tempo e estava correndo para chegar em terceiro”, continua.

Nem quando cruzou a linha de chegada sabia que estava fazendo história. “E eu ouvi uma gritaria e, para mim, era alguém que tinha chegado e estava comemorando”. De fato. A gritaria era para a chegada da campeã. Era para ela. “Valeu a ousadia, funcionou”, alegra-se, mesmo batendo os dentes de frio.

Lena terminou o percurso com tempo de 33m25s7. Candice Appleby fez em 34m03s9 e Mariecarmen Rivera fechou com 34m38.0). Ao fim da prova, Lena, completamente suja de areia por conta da queda e depois por se jogar na praia após o final, abraçou o técnico e marido Américo Pinheiro, emocionada com o ouro.

A competição do do Pan-Americano no Peru é a estreia da modalidade do surfe e do SUP em Pans.

Prata no masculino

Entre os homens, o Brasil também conquistou uma medalha inédita no Pan-Americano. Vinnicius Martins terminou o percurso 25m01s3, ficando com a segunda colocação. Connor Baxter, dos Estados Unidos, fez 24min18s7 e ficou com o ouro. Itzel Delgado, do Peru, marcou 26min24s3s para abocanhar o bronze.

Vinnicius Martins. do SUP Race, no Pan-Americano de Lima

Onda no final levou Vinnicius para a prata (Marcello Zambrana/Lima 2019)

Assim como com a prova feminina, teve emoção no fim. Vinnicius Martins disputava remada a remada pela prata com Delgado, com o peruano em vantagem. No final, o brasileiro conseguiu pegar uma onda e se segurar o suficiente para ultrapassar o rival.

“Consegui essa prata no finalzinho, surfando uma onda que veio lá de traz, segurando bem na espuma. Consegui manter a calma e pensar em tudo o que eu tinha de fazer, em todos os detalhes, para cair o mais tarde possível, porque uma onda dessa é muito forte e com uma prancha deste tamanho é bem difícil de segurar. Eu seguirei até o final e isso fez muita diferença”, detalha o medalhista do Pan-Americano de Lima. “Fiquei muito feliz”.

Vinnicius Martins tem muita experiência no mar e considera que isso o ajudou a escolher a onda certa para avançar na reta fina. “Eu surfo de pranchinha, longboard, pego onda de stand up, kite surf, windsurf, acho que é tudo a mesma família, o mesmo esporte”, diz. “Eu acho que mais tempo dentro d’água mais a gente vai aprendendo a lidar com os caprichos do mar”.

Sobre o rival, muito respeito. “O Connor Baxter é o melhor remador da hitória. Até hoje ninguém tem tantos títulos como ele, mas esse ano o nível têm sido bem parelho. Fizemos uma longa temproada na Europa e tanto eu quanto o peruano ganhamos dele. Mas com certeza ele é um fenômeno e aqui fez um ótimo trabalho”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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