Na próxima quarta-feira, a Seleção Brasileira estreia no torneio de handebol feminino dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 como grande favorita ao título da competição, que garante ao vencedor uma vaga na Olimpíada de Tóquio. A chance de carimbar o passaporte no Peru para os Jogos do Japão é muito grande, mas, apesar da força do país no continente, a equipe ainda está longe de encarar as principais potências do mundo. Pelo menos é o que diz Duda Amorim, campeã mundial em 2013, que cobra a nova geração de ser mais ambiciosa.
“Essa geração infelizmente, não estou falando das meninas aqui (da Seleção), estou falando no geral, todas querem evoluir, mas é difícil achar alguém hoje em dia alguém que queira evoluir para ser ser top, que almeja o top. Não porque não querem, mas porque não tiveram contato com alguém, não teve alguém que inspirou… Eu estou falando no geral, por favor não leve para o lado ruim. Mas então a gente precisa ter um pouco mais de sede, de acreditar que a gente pode conseguir uma medalha porque a gente vai para jogos internacionais, tem jogos que a gente faz ótimos, consegue empatar com uma França, depois perde de quatro gols, talvez, de uma Sérvia, não lembro dos resultados. Então, a gente tem que ter essa consistência novamente, aquilo que o anterior técnico (Morten Soubek, campeão mundial em 2013), nos falava: acredita, acredita que vocês conseguem. Também é uma parte que a gente está se conhecendo, o técnico novo (Jorge Dueñas), o que nos motiva, o que não nos motiva. Então a gente está fazendo um trabalho muito bom, a gente tem bastante qualidade, mas ainda falta aquela parte mental de acreditar na medalha. Acho que é isso que as mais experientes estão tocando bastante na tecla em relação às meninas mais novas”, explica Duda Amorim, que é uma das remanescentes do título mundial conquistado pelo Brasil em 2013 ao lado da goleira Barbara Arenhart, das armadoras Ana Paula Rodrigues e Deonise, da ponta Mariana Costa e da pivô Elaine Gomes.
“Hoje a gente ainda não está no lugar com a consistência necessária para conquistar um título (de grande expressão como Mundial e Olimpíada). Mas se eu estou aqui é porque eu acredito muito. Acredito que podemos melhorar, podemos crescer em todos os sentidos. É uma equipe de muito talento, com futuro, mas precisa ser feito algo agora e temos consciência disso”, disse a atleta, .
Jogos Pan-Americanos
Se o Brasil ainda não está pronto para enfrentar as grandes potências do planeta, um estágio fundamental na caminhada para evoluir é o torneio de handebol dos Jogos Pan-Americanos. A fase de preparação, que começou no dia 1 de julho em São Bernardo do Campo, terminou neste sábado. No domingo, a equipe embarca para Lima e faz sua estreia quarta-feira às 22h30 (horário de Brasília) contra Cuba.
“As jogadoras estiveram de férias durante o mês de junho, com um acompanhamento da comissão técnica. Depois desse período tivemos uma primeira fase com uma visão mais dedicada ao trabalho físico, que foi finalizado, e agora, na parte final, focamos nos aspectos técnicos e táticos, que todas as jogadoras estão entendo e colocando em quadra o que se quer”, explicou o técnico Jorge Duñas.
Presente no pódio em todas as edições dos Jogos Pan-Americanos em que houve a disputa do handebol, com duas medalhas de bronze e cinco de ouro, a Seleção Brasileira sabe que é a favorita. “Os Jogos Pan-Americanos são importantes para nós, por ser um caminho para Tóquio. Sabemos que somos os favoritos e que todos querem nos surpreender na competição. Mas estamos trabalhando muito e com essa mentalidade. Jogar como a seleção favorita é diferente, contudo eu vejo que a equipe tem treinado muito bem e temos jogadoras preparadas e acostumadas, pelo que enfrentam em seus clubes, com essa situação”, disse o treinador.
A goleira Barbara Arenhart vê a mistura de trabalho duro e a alegria que as meninas do Brasil demonstram, por estarem juntas, defendendo o país, a chave para que o favoritismo não pese de forma negativa na disputa dos Jogos Pan-Americanos. “Estamos trabalhando muito duro, treinando muito, principalmente nessa segunda etapa de treinamentos, mas é uma característica do brasileiro fazer as coisas com alegria e com o nosso grupo não é diferente. Sabemos da responsabilidade, somos favoritas nos Jogos Pan-Americanos há muito tempo e não queremos voltar com nada menos que a medalha de ouro de Lima”, comentou a goleira Babi.
Mais nova de toda a convocação, Renata Arruda vive seus sonhos nos treinamentos com o Brasil na preparação para o Pan de Lima. Fã declarada de Babi, a também goleira de apenas 20 anos, vive seu sonho só por estar na Seleção Brasileira de handebol adulta. “A preparação está dura. Estar na equipe adulta é um sonho distante, mesmo tendo passado pelas Seleções de base, então ter a oportunidade de participar me sinto muito feliz e honrada em estar aqui”, disse Renata.
Além da Seleção Brasileira, a equipe da Argentina é vista como uma das candidatas a medalha de ouro. Nas duas últimas edições dos Jogos Pan-Americanos, o clássico da América do Sul decidiu o título e para as atletas isso não deve mudar na edição de 2019 do torneio. “Espero que seja um campeonato de muita concentração da gente. Que estejamos muito focadas, eu acho que tá dentro da gente que queremos essa vaga para a Olimpíada, para terminar bem esse ciclo olímpico de Tóquio”, comentou a jogadora.