Vem chegando o terceiro texto do Diário de Chengdu. Hoje, vou falar um pouco da Vila dos Atletas dos Jogos Mundiais Universitários Chengdu-2021, um complexo de mais de 800 mil metros quadrados que fica localizado na Universidade de Chengdu. O espaço é grandioso e reúne mais de 6.600 dormitórios, que podem receber 11 mil pessoas. O Brasil chegou por lá no dia em que ela foi inaugurada, no último sábado, e foi o primeiro país a entrar com um grande número de atletas.
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Recapitulando, eu sou Wesley Felix e estou na China para a cobertura dos Jogos Mundiais Universitários Chengdu-2021 a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). Enfrentei alguns bons perrengues nas 27 horas de viagem até a Ásia e passei o primeiro dia em um hotel próximo ao Aeroporto Internacional de Chengdu Tianfu, onde tive meu primeiro contato com a cultura chinesa e o povo local.
Caminho até a vila
Junto à primeira parte da delegação brasileira, que conta com outras 63 pessoas, deixamos o hotel pouco antes do almoço e partimos para a Vila dos Atletas. Fomos em quatro ônibus e, assim como na primeira vez, fiquei com o pessoal do tênis e do tênis de mesa. A viagem foi longa e durou cerca de uma hora, mas até que passou rápido porque ficamos conversando e deu para distrair. Falamos principalmente sobre tênis de mesa, em que os meninos comentaram sobre algumas de suas experiências em competições internacionais.
No caminho, pegamos estradas largas e que tinham paisagem de vegetação predominante. Ainda assim, ao longo desse trajeto, identifiquei diversas referências aos Jogos Mundiais Universitários e aos pandas, que são os mascotes da cidade e de Chengdu-2021. Mais próximo à vila, em um ambiente já urbanizado, vi que esculturas e decorações passaram a aparecer de forma mais intensa e aí deu para sentir um pouco mais do clima dos Jogos.
Percorremos poucos quilômetros com essa paisagem rodeada de prédios e logo entramos na vila. Nesse percurso, percebi que eles têm motos bem engraçadas. São pequenas e parecem ter embreagem automática. Parece que o capacete não é obrigatório, porque vi vários chineses sem. E aqueles que usavam, possuíam capacetes divertidos, que parecem mais ser de bicicleta do que de moto. Ah, reitero que todo mundo por aqui – inclui moto e carro – anda em uma velocidade muito baixa.
A entrada na vila
Entramos na vila e passamos por alguns pedaços dela antes de desembarcar. Mas o pouco que vi já me encantou de início. Fomos o último ônibus a chegar entre os brasileiros e, quando descemos, já tinham oficiais da CBDU com nossas credenciais. Peguei a minha, que tem, entre diversas informações, uma foto tirada no meu quarto e vem com a letra “F” na capa, representando que sou oficial administrativo. Como faço parte da press trip da CBDU, estou credenciado como integrante da delegação brasileira.
Em seguida, todos precisamos passar pelo procedimento de segurança para entrada na vila. Outra vez, veio o querido raio-x das malas, que nos fez esperar alguns bons minutos antes de, enfim, sermos liberados. Com ajuda de alguns voluntários, incluindo a Valentina (a moça chinesa que fala português), toda a delegação brasileira foi colocando suas bagagens dentro de uns carrinhos que muito se assemelham àqueles que utilizam nas partidas de futebol – mas sem as macas, evidentemente.
Depois de inserirmos as malas, nos posicionamos nos banquinhos a sua frente e partimos em direção ao nosso alojamento. Praticamente demos um passeio dentro da vila, que ainda estava deserta. Minhas primeiras primeiras impressões foram de que o local é muito grande, mas lindo. Tudo estava envelopado e decorado com o tema dos Jogos Mundiais Universitários. Passamos por diversas ruas, sempre numa velocidade abaixo de 20km/h, e observei prédios de tudo que era tipo.
Os quartos
Finalizado o mini tour pelo espaço, chegamos ao nosso destino. Pegamos nossas malas e entramos em um alojamento que tem 13 andares. No saguão, cada um retirou sua chave, que na realidade é um cartão magnético. O meu quarto é o 848, fica no oitavo andar e no final do corredor. Os quartos na Vila dos Atletas são duplos, mas me informaram que eu estaria sozinho nos primeiros dias.
Depois de pegar o elevador e subir, entrei no quarto. Ele não é espaçoso, mas também não é pequeno. Possui duas camas, dois armários e duas mesas, uma para cada hóspede. O banheiro fica numa área externa, ao lado da varanda, em que há uma máquina de lavar roupa. As camas possuem lençóis e travesseiros com o logo de Chengdu-2021, assim como as cadeiras, mesas e armários.
Após conhecer o espaço, percebi que havia muitos objetos sobre a mesa. Eram presentes disponibilizados pela organização. Há algumas caixas, que incluem um mascote oficial do evento, que é um panda, uma caixa com quatro embalagens de sabão líquido, uma caixa de som e o principal: uma necessaire com produtos básicos de higiene, como pasta de dente e shampoo! Chengdu-2021 me salvou nessa, já que eu estava sem nada disso desde Guarulhos.
Comida
Depois de conhecer, desci para comer. Bráulio me enviou um mapa via WhatsApp, mas eu confesso que pouco entendi. Quando cheguei no saguão, a galera do basquete masculino estava lá e aproveitei a carona para ir com eles. Fomos andando, mas era o caminho errado. Fizemos outro trajeto e, outra vez, não era o certo. Reitero que Chengdu está muito quente por conta do verão, além de ser extremamente úmido, então essa caminhada gerou muito suor e cansaço. Desistimos de ir a pé e montamos em um dos carrinhos da Vila dos Atletas, que nos levou até o refeitório.
O cara fez uma volta danada até chegar no restaurante e mais uma vez percebi que a vila era gigantesca. Nem decorei o caminho e não saberia nunca chegar lá por conta própria, imaginei. Entramos no refeitório, que também é enorme: tem dois andares e um espaço para caber até seis mil pessoas ao mesmo tempo. Há um local para pegar a comida, em que existe cinco tipos diferentes de culinária, variando entre as culturas “mediterrânea”, “asiática”, “local” e “chinesa”, um outro para as saladas, máquinas com bebidas geladas e outra com sorvetes e sobremesas.
Achei muito legal o espaço, mas não curti tanto a comida. Apesar de ter diversas opções, nenhuma delas era semelhante ao que encontramos no Brasil (isto foi apenas no primeiro dia, porque depois a organização deu uma “internacionalizada” na comida). Escolhi um arroz (sem sal), uma carne de boi (extremamente apimentada) e um macarrão (com mais pimenta ainda). Esta refeição foi complicada, mas as coisas mudaram depois.
Experiências seguintes
Bem, estas foram minhas experiências iniciais na Vila dos Atletas dos Jogos Mundiais Universitários. Confesso que escrevo esse texto com certo atraso, então já estou aqui há alguns dias e vivi outras coisas além disso. Tenho algumas coisas a observar. No fim das contas, o caminho para o refeitório é muito perto, não precisa dar toda aquela volta feita pelo carrinho.
O espaço possui duas pistas de atletismo, oito quadras de basquete, um campo de futebol, um ginásio e uma grande academia, com equipamentos de alta qualidade (apesar de ter ido lá só uma vez). Também há uma feirinha todos os dias, pela noite, em que é possível fazer algumas atividades e ganhar presentes. Eu fui uma vez e ganhei diversas lembrancinhas de uma só vez. Todo mundo que está lá é muito atencioso e, inclusive, um dos rapazes pediu para tirar foto comigo após me ensinar a fazer uma pulseira de cordinha.