Olá! Com certo atraso, o segundo texto do Diário de Chengdu chegou! Desta vez venho falar um pouco sobre as primeiras impressões que tive ao desembarcar na China, um país que pode ser adjetivado como grandioso em praticamente todos os aspectos. Tudo o que eu sabia sobre o país era o que consumia na televisão e na internet, mas pude viver minha própria experiência na sexta-feira, ainda que de forma curta. Para você que caiu de paraquedas aqui, eu, Wesley Felix, estou no Oriente a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) para cobrir os Jogos Mundiais Universitários Chengdu-2021.
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Depois de passar bons perrengues na viagem que durou 27 horas, obviamente cheguei bem cansado, assim como o restante da delegação brasileira. No entanto, ainda tínhamos algumas horas pela frente até chegar no hotel. No aeroporto, fomos muito bem recepcionados pelo povo chinês. Ganhamos buquê de flores e um panda de pelúcia de funcionárias da companhia aérea que viemos. No desembarque, nos deparamos com uma dezena de câmeras que filmavam e tiravam fotos nossas. Era imprensa para todos os lados!
Quando passamos pela imigração e retiramos nossa bagagem, outra coisa me chamou a atenção: a enormidade do Aeroporto Internacional de Chengdu Tianfu. A grandiosa estrutura deixou não somente eu, mas também a todos os outros brasileiros de olhos arregalados. Tudo muito alto, limpinho e novo. Encontramos com algumas oficiais da CBDU, que já estavam na China havia alguns dias, e partimos para os ônibus que nos levariam para o hotel onde passamos a primeira noite.
Voluntários fofos
Antes de entrarmos nos ônibus, nos deparamos com os primeiros voluntários dos Jogos Mundiais Universitários. Todos sorridentes, também nos recepcionaram muito bem. Havia três ônibus para nossa delegação. Escolhi um deles e entrei. Nele, estavam as equipes de tênis de mesa e tênis. Tive um primeiro contato mais avançado com os atletas, que ainda não havia tido anteriormente.
Cinco voluntários entraram no ônibus em que estávamos. Um deles nos deu alguns avisos em inglês e sentou-se ao meu lado. Eu fui o único que entendeu, já que os atletas não falam inglês. Em seguida, o Danilo Rolim, um dos mesa-tenistas, me pediu para perguntar alguma coisa ao rapaz e, na hora, uma voluntária nos surpreendeu respondendo em português (e um português muito bom, diga-se de passagem). Todo mundo, inclusive eu, ficou encantado com o fato de que havia uma chinesa que sabia falar nossa língua.
A tal moça era a Valentina, que vai ser uma de nossas fiéis escudeiras ao longo do evento. Ela nos explicou que sabia falar a língua lusitana porque fez um intercâmbio de um ano em Portugal no ano passado. Iniciamos a viagem e comecei a conversar com o voluntário que estava ao meu lado. Na hora, esqueci-me de perguntar o seu nome, mas falamos um pouco sobre a viagem e ele me explicou algumas coisas de Chengdu. Eu estava sem internet e o voluntário roteou o wi-fi do celular dele para mim. Muito fofo!
No entanto, apesar do gesto generoso do rapaz, que aparentava ter seus pouco mais do que 20 anos, a conexão estava muito falha. Aqui, vale um destaque. O governo chinês disponibiliza uma internet limitada para seus cidadãos, sendo que alguns sites e aplicativos, como Instagram e WhatsApp, são bloqueados. Dessa forma, é preciso baixar um VPN e mudar a localização do celular/computador quando for acessar a internet na China para poder utilizar essas redes.
A China é grande
Assim, segui offline, mesmo conectado ao wi-fi. Além de conversar com o rapaz, fui observando a paisagem pela qual passávamos. Percorremos cerca de 13km, em pouco mais de 30 minutos. Deu para perceber que a velocidade máxima das vias é bem baixa e os motoristas não costumam ultrapassá-la, o que gera viagens demoradas.
Ao longo do caminho entre o aeroporto e o Tianfu International Hotel Complex, encaramos estradas largas, mas com poucos carros. Do lado, vegetações bem cortadas e tudo muito limpo. Passamos por poucas construções, mas todas elas muito grandes. E tudo isso me fez reforçar o primeiro pensamento que tive sobre a China: tudo no país é grande e, naquele momento, pensei que as coisas eram feitas de forma exagerada.
O hotel em Chengdu
Chegamos ao hotel já era fim de tarde, mas o sol ainda estava quente. É verão no Hemisfério Norte, por isso na China anoitece perto das 20h. De cara, deu para perceber que estávamos bem distantes do centro de Chengdu. Estávamos num complexo de hotéis, em que a vegetação nos rodeava. Mais uma vez, deu pra ver que todas as construções eram muito grandes e tudo era muito limpo.
Todos fizemos o check-in no hotel e pegamos a chave dos quartos. Eu fiquei com um no quarto andar e, a princípio, ficaria junto com o Victão, um dos jogadores da seleção de basquete masculino. O Adyel Borges, outro jogador, perguntou se eu não queria trocar de quarto para que os dois ficassem juntos, porque se não, eles seriam os únicos jogadores da equipe a ficarem separados. Eu gentilmente aceitei e me entregaram um quarto no terceiro andar, onde fiquei com o auxiliar da seleção de basquete, o Cadu.
A primeira coisa que fiz ao chegar no quarto foi conectar no wi-fi, mas não deu certo. A conexão era muito instável e não deu muito certo. Quando funcionava, bloqueava o VPN e, por isso, eu e o restante da delegação continuamos incomunicáveis. Eu e outros atletas da equipe só conseguimos acessar a internet e as redes sociais horas mais tarde, quando utilizamos outro aplicativo de VPN. Ainda assim, foi um sofrimento utilizar a internet no hotel durante aquelas menos de 24 horas em que estivemos por lá.
Rigidez
Quando ainda estava sem internet, desci no saguão do hotel para saber se poderia dar uma volta pelo quarteirão do complexo de hotéis. E eles foram bem ríspidos e negaram a minha saída. Uma das moças, que falava português, me disse que eu estava autorizado apenas a ir para o restaurante e para a academia (que ela nomeou como “ginásio”). Pedi, então, para ir até o ginásio e uma moça que não falava nem português e nem inglês me conduziu até lá. Nos comunicamos por gestos, foi engraçado.
Dei uma olhada na academia, onde alguns atletas treinavam, mas logo fui embora. A mulher que me acompanhou já tinha ido antes e, por isso, tive que voltar sozinho. Quando cheguei na rua, tive a sensação de que, ao me ver andando sem ninguém, um dos seguranças do hotel passou a me observar. No fim, cheguei em paz no quarto e, minutos depois, fui comer. E aí veio a hora da verdade: experimentar a comida chinesa.
A comida chinesa
Eu cheguei atrasado à mesa, por isso todo mundo já estava se alimentando e até mesmo quase terminando. Foi até bom porque eles souberam me informar o que cada prato significava. Praticamente tudo era estranho para mim na mesa. Um arroz com ovo e um arroz eram as duas únicas coisas que eu conhecia entre mais de dez tigelas dispostas. Peguei um arroz com ovo, um frango, uma salada e uma batata em forma de macarrão com carne de porco. Até que foi bom e deu para “quebrar o gelo” em relação à culinária local. Mas confesso para vocês: a comida deles tem muita pimenta, mas muita mesmo!
Tivemos que esperar todos os membros da delegação brasileira comer para sair do restaurante, pois só fomos permitidos a deixar o local na presença de todos. Voltamos para o hotel e eu fui para o meu quarto, onde já me preparei para repousar. Precisava descansar bem, afinal são 11 horas de fuso de diferença em relação ao Brasil. Mas bem perto de dormir, o wi-fi deu uma brecha e eu consegui ficar um bom tempo com VPN. Assim, pude acessar as redes sociais e deixei algum trabalho encaminhado.
Fui deitar já era depois de 22h. Até que não demorou muito para que eu pegasse no sono, mas acordei pelo menos três vezes ao longo da noite. A última delas foi às 04h45. Quando acordei, percebi que meu companheiro de quarto também já estava aceso. Decidi também já ficar acordado e assim permaneci. Fiz algumas coisas no computador e fui tomar café mais tarde. Depois, por volta das 11h de 22 de julho, deixamos o hotel rumo à Vila dos Atletas dos Jogos Mundiais Universitários de Chengdu-2021. Na saída, tiramos fotos e entregamos pins para os funcionários, que até que foram bem receptivos conosco.