Alô, Chengdu! Avisa aí que o OTD tá na área! Depois de longas 27 horas de viagem, enfim chegamos na China junto com a primeira leva de atletas da delegação do Time U Brasil. A convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), eu, Wesley Felix, jornalista do Olimpíada Todo Dia, estarei aqui ao longo das próximas semanas para fazer a cobertura dos Jogos Mundiais Universitários, que acontecerão entre os dias 28 de julho e 8 de agosto.
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Apesar de já estar vivenciando uma experiência única, confesso que o começo dessa jornada teve alguns perrengues, que podem ser enquadrados na categoria “chiques”. Primeiro, preciso dizer que essa é a primeira vez que viajo para fora do Brasil. Jamais havia feito uma viagem internacional antes. Por isso, como um marinheiro de primeira viagem (literalmente, com o perdão da redundância), acabei tendo alguns apertos.
Adeus, produtos
O primeiro deles foi quanto à bagagem. Contando com cerca de 60 pessoas – 42 atletas – de basquete, taekwondo, tênis e tênis de mesa -, além de oficiais da CBDU -, o grupo em que eu estava chegou no Aeroporto de Guarulhos às 20h40 do dia 19 de julho, mas só fomos conseguir despachar todas as malas por volta da 00h. Depois, tivemos que ir direto para o raio-x, pois já estávamos próximos do embarque. Sou acostumado a viajar de avião pelo Brasil, então estou habituado com os protocolos de fiscalização. No entanto, não me atentei ao fato de que a segurança é mais rígida tratando-se de voos para fora do país.
Pelas regras em voos internacionais, na bagagem de mão são permitidos apenas frascos de até 100ml com líquidos. Eu não fazia ideia disso e levava minha nécessaire na mochila, com produtos de higiene básica, como escova, pasta de dente, desodorante e shampoo, até outros avançados, como o soro para colocar na lente de contato do olho e espuma de barbear. Todos os materiais, com exceção à escova, violavam as regras e, por isso, tiveram que ir para o balde do lixo. Foi doloroso ver a fiscal do raio-x abrindo minha mochila e retirando de um por um.
Fiquei sem nada, mas segui adiante pois ainda tinha muita viagem pela frente. Já era 20 de julho quando embarcamos. Nossa viagem foi marcada por dois voos. De Guarulhos, fomos para Adis Abeba, na Etiópia, e de lá partimos para Chengdu. O primeiro voo durou cerca de 12 horas, enquanto o segundo teve pouco menos do que dez. A parada na África durou exatas cinco horas.
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Bendita água
Até que os voos foram tranquilos, mas passei um aperto no primeiro deles. Quando a moça do raio-x em Guarulhos começou a tirar meus produtos de higiene e jogar no lixo, ela também queria descartar minha garrafa d’agua. Eu consegui dar um “migué” e falei que ia beber o conteúdo que estava dentro dela, mas não o fiz. Devolvi a garrafa com a água dentro da mochila e parti. Quando entrei no avião, deixei a bagagem sob o assento. E adivinha? A água vazou e molhou toda a bolsa!
Só fui perceber o ocorrido quando já estava perto de pousar. Peguei meu passaporte e estava encharcado, bem como a carteira e o dinheiro que havia levado. Deu um desespero e na hora pensei que ficaria 18 dias do outro lado do planeta sem um centavo no bolso. Não tinha muito o que fazer naquela hora. Abri as notas e deixei em um local um pouco mais seco para tentar amenizar o estrago. Até que deu certo. Quando entrei no segundo voo, as notas já estavam bem mais secas. Agora, já em Chengdu, estão em boas condições e prontas para serem utilizadas com besteirinhas.
Importante destacar que no primeiro voo todo mundo dormiu bastante, já que estávamos no horário da madrugada brasileira. Eu sentei ao lado do Bráulio Marques, que trabalha na área da Logística da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). Ele também é apaixonado por esportes e já atuou como voluntário em diversos megaeventos, como nas Copas do Mundo de 2014 e 2022 e dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Além disso, é super inteligente e está antenado por dentro de vários assuntos. Conversamos bastante sobre muitas coisas e a viagem até passou mais rápido. Já arrumei um amigo nessa trip!
Novos perrengues na Etiópia
Quando chegamos em Adis Abeba, precisamos passar pela imigração e o meu trauma voltou. Sim, aquele que é o mais temido de todos: o raio-x. Dessa vez, precisamos tirar até o sapato na fiscalização. Entretanto, diferente do que aconteceu em Guarulhos, tudo ocorreu bem para mim e nenhum segurança me parou ou pediu para abrir as bagagens. Ufa! Liberado para entrar em Adis Abeba, dei um passeio pelo aeroporto, que tem um hub de passageiros enorme e, por isso, possui muitas lojas internacionais. Gostei bastante, mas também passei dois novos apertos por lá. Deixei meu óculos cair no chão e ele quebrou uma das perninhas. Em seguida, quando fomos comer, caiu refrigerante e sujou toda a minha jaqueta branca. Um desastre.
Depois disso tudo, por fim embarcamos para Chengdu, sede da 31ª edição dos Jogos Mundiais Universitários. O começo do voo foi bem turbulento, mas depois a tranquilidade reinou. Diferente do primeiro voo, em que praticamente toda a delegação dormiu a maior parte do tempo, dessa vez poucas pessoas conseguiram tirar cochilos. Assim, precisaram se distrair com conversas, joguinhos e até filmes no streaming do avião. Sentei ao lado da Sinara, médica da equipe, e de um chinês, muito fofo. Ele não sabia falar inglês, então tudo que nós pedíamos para comer ou beber, ele acenava e indicava que queria a mesma coisa.
E por falar em comida, experimentei a comida de avião e gostei bastante. Fiz quatro refeições, sendo que em três delas comi frango, com diferentes acompanhamentos. Acho que o prato preferido foi arroz integral, com curry e ervilha. Ainda comi uma espécie de bolo com geleia que não foi tão agradável. Além de não ser tão bom, não encheu minha barriga e logo fiquei com fome.
Calorosa recepção na China
Quando pousamos em Chengdu, já era tarde de 21 de julho (horário da China). Fomos extremamente bem recebidos (com muita ênfase!) pelos chineses. Recebemos até dois buquê de flores e um panda, que é o mascote oficial da cidade, de funcionárias da companhia aérea em que viemos. Havia muita imprensa local. Fotógrafos, cinegrafistas e repórteres estavam por todos os cantos. Por alguns momentos, nos sentimos verdadeiras celebridades. Alguns atletas do basquete, aliás, concederam entrevistas para os veículos locais.
Nós tivemos que passar por um protocolo de entrada na China e, especificamente, para os Jogos Mundiais Universitários, mas que foi até bem rápido. Também não tivemos dificuldade para pegar nossas bagagens e fomos embora. O aeroporto de Chengdu, aliás, é bem grande. Assim como todas as outras construções chinesas, pelo que já vi de início. A cidade, que é a quinta maior da China, também é bem quente!
Mas as primeiras impressões sobre a China é um assunto para o próximo texto, porque esse já está longo demais. Só para finalizar, ainda tivemos uma outra recepção calorosa dos voluntários dos eventos, que nos conduziram até os ônibus e conversaram conosco. Tinha até uma que falava português porque fez um intercâmbio em Portugal no ano passado. Muito simpáticos!
Os Jogos Mundiais Universitários de Chengdu acontecerão de 28 de julho a 8 de agosto. O Brasil conta com a participação de 155 atletas em 11 modalidades.