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Jogos Escolares

Kamila Barbosa: não basta ser embaixadora, tem que participar

Escolhida como a embaixadora do wrestling em Blumenau 2019, Kamila Barbosa se jogou de cabeça na competição e aproveitou o momento.

Wander Roberto/COB

Dias de fortes emoções para Kamila Barbosa em Blumenau, Santa Catarina. A embaixadora do wrestling nos Jogos Escolares da Juventude se jogou de cabeça na competição, encantou e ficou encantada com os jovens que participam da edição de 2019.

“Fico muito feliz, é mágico, maravilhoso, até surreal. Vivendo cada dia intensamente. Essa energia, essa garotada, essa juventude toda, eu vivenciei tudo isso aqui, eu sei o quanto é importante estar nesse mundo. A estrutura toda é ótima, ter essa troca com estados e estar junto com outros embaixadores também!”.

Todas essas sensações fazem Kamila Barbosa relembrar sua passagem pela competição. “Quando eu participei não tinha muita noção. Fiz até uma promessa para medalhar, queria muito subir no pódio. Mas não tinha noção da importância que os Jogos têm. Foi em Goiás, até então o estado não tinha medalha. E a primeira medalha de Goiás veio comigo. Estourou! Saiu em todos os cantos. Quando isso aconteceu que eu fui entendendo a magnitude de tudo que rolou. Muito bom”.

Kamila Barbosa é muito espontânea, agitada, não para um segundo. “Gosto de falar bastante”, diz dando gargalhadas. “Com certeza saio daqui com as energias recarregadas. Com vontade, cada vez trazer mais títulos. Os ouros, as pratas e os bronzes não são só para mim. Não sou exemplo, mas tento inspirar cada vez mais.”

E certamente o fez. Kamila participou ativamente das competições de wrestling. Torceu, fez cara feia para algumas marcações dos árbitros, circulou entre os competidores, comandou um treinamento e até deu uma de comentarista para a transmissão ao vivo organizada pelo COB.

“Você viu?! Foi muito legal. E o mais impressionante é que acabei comentando a final em que minha irmã estava como treinadora. Não foi nada combinado. Chorei muito, mas de felicidade”.

A irmã Geórgia, treinadora da equipe de Goiás, foi a grande incentivadora de Kamila no esporte. O reencontro ainda rendeu uma medalha inédita para o estado. Enquanto Geórgia comandava Max Gabriel na disputa da categoria até 73kg, Kamila comentava na transmissão. Max Gabriel venceu a final e conquistou o primeiro ouro de Goiás na competição.

“Estou muito feliz. Nos encontrarmos aqui já foi mágico. E a nossa equipe ainda entrou para a história do wrestling goiano. Nunca havíamos conquistado uma medalha nos Jogos Escolares até Natal 2018, quando conseguimos um terceiro lugar. E esse ano teve o ouro”, disse Geórgia.

As lágrimas descem do rosto de Kamila Barbosa. “Foi a minha irmã que começou a lutar em Goianésia (GO) e puxou o resto da família. Mas eles tiveram que parar, precisavam trabalhar para ajudar dentro de casa. Eles deixaram o esporte para que eu pudesse continuar. Todos aqui nos Jogos possuem uma história por trás, eu sou mais uma. Estar aqui muda a vida de muita gente”.

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E 2019 é um ano marcante na vida da atleta. Na primeira edição dos Jogos Mundias de Praia, em Doha, Qatar, Kamila conquistou o ouro no beach wrestling, uma emoção inesquecível.

“Só de estar lá já fizemos história. Não foi fácil, tive que classificar. Só 10 atletas conseguiram. Consegui a vaga para estar em Doha, daí depois vem a medalha de ouro, eu fico emocionada só de lembrar. Vejo o vídeo e me arrepio toda. Que alegria, eu não luto só por mim, lutei pela minha família, passa um filme da sua trajetória, de todas as pessoas que estiveram com você.”

Ouro no World Beach Games 2019

Kamila realmente gosta de falar. Uma fala que vem direto do coração. E a empolgação segue. “Foi especial demais, na hora que você sobe no pódio, toca o hino, sua bandeira subindo, tão distante de casa, os sheiks e o pessoal todo levantando para escutar seu hino, foi muito especial, só chorava. Marcou minha carreira, fiz história, fui a primeira medalhista brasileira em Doha.”

Só que Kamila Barbosa sabe que a experiência na areia foi enriquecedora, mas em Tóquio a luta volta para o tapete. Então, a lutadora vai ter que correr atrás da vaga para estar nas próximas Olimpíadas. “No início de dezembro, temos a Copa Brasil, a seletiva nacional. Caso ganhe, passo para a seletiva olímpica continental, em março de 2020. É um caminho. Mas ainda tem o pré-olímpico mundial, muito mais complicado. É treinar e focar no objetivo”.

Disposição não vai faltar. Nem torcida.

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