“9.99s não tá bom. Tem que respeitar, são 30 anos de recorde, mas não quero parar aí, quero correr para baixo de 9.80s, 9.70s e assim vai.” Esse é Paulo André, direto e rápido nas pistas, direto e rápido nos objetivos. O principal velocista do Brasil foi escolhido para ser o embaixador do atletismo dos Jogos Escolares da Juventude Blumenau 2019, um evento em que se sente em casa.
“É uma competição que traz muitas oportunidades, só pelo simples fato de participar. A viagem, a estrutura, isso motiva o atleta. Participei da primeira edição e falei, é isso que eu eu quero, conhecer outras cidades, é uma confraternização, é uma competição que enche o jovem de motivação, o jovem quer conhecer o mundo e eles dão o melhor no esporte. Comigo foi assim”
Só que não pense que Paulo André chegou destruindo nos JEJs. O atleta foi evoluindo ao longo das edições que participou. “Eu comecei em 2013 e nem fui a final. Terminei com 11.54s. Voltei pra casa e falei, vou voltar mais forte. Em 2014, João Pessoa, melhorei meu tempo, fiz 11.06s, fui à final, mas não medalhei, não consegui. Pensei, vou voltar e dessa vez quero uma medalha. 2015 em Maringá, eu consegui o ouro nos 100m e nos 200m, além do recorde nos 200m, Comigo foi assim e pode ser com qualquer um.”
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E pode mesmo. Voltando aos Jogos como embaixador, Paulo André causou um verdadeiro frisson e inspirou os jovens do atletismo. Campeã do salto em distância -12 a 14 anos, Nayza Gabrielli Donanzan, do Colégio Tyto Obejetivo, de São Paulo, estava emocionada com a presença do embaixador. “Ser premiada por Paulo André vale mais do que conquistar o ouro”, disse a jovem com os olhos marejados.
Muito à vontade nos Jogos Escolares da Juventude, Paulo André causou como DJ, se divertiu nas estações de realidade virtual e ainda mandou uma enterrada, com uma mão só, na quadra de 3×3 armada no Centro de Convivência.
É um momento de relaxamento do campeão mundial do revezamento 4×100m masculino, que teve um ano de 2019 incrível. O tão desejado e aguardado recorde brasileiro nos 100m quase veio. “Já deixou de ser um sonho para ser realidade. Quase deu, mas o vento atrapalhou. Cientistas do COB falaram que o vento dentro do permitido daria 9.97s, mas tudo tem o seu tempo. Estou trabalhando para isso.”
E o assunto não apavora, nem chateia Paulo André. “Isso não me afeta, isso eu levo pelo lado positivo. É normal a galera ter essa expectativa, mas o que eu quero não tá no 9.99s, não. Vou trabalhar para isso. São etapas, vou abaixar cada vez mais. Se eu quero ser o melhor, correr atrás de um centésimo não tem que ser uma muralha da China, tem que ser um objetivo para ser passado. Não pode ser algo que me assuste”.
Com apenas 21 anos, o velocista aprendeu com os Jogos Escolares da Juventude que existem etapas e que está subindo, vivendo emoções diferentes e sempre aprendendo. O Mundial de Atletismo de Doha foi mais um degrau em sua carreira.
“Eu sempre tive as mesmas sensações, mas de tamanhos diferentes. Mundial, foi um tapa, nunca tinha vivido aquilo tudo. No Juvenil tinha uma chance, não consegui, fui finalista, mas o Mundial Adulto a pressão foi bem diferente, envolvia muito mais coisa, expectativa maior. Não que isso tenha me afetado, foi algo positivo, o atleta tem que passar por essas coisas, eu não vou aprender isso numa palestra, tem que sentir na pele. Parei na semi, queria e tinha chances de pegar final, corri para 10.11s. Na hora eu fiquei bem triste e chateado, mas no dia seguinte, virei a página, tinha que passar por essa experiência gigantesca, uma verdadeira preparação para Tóquio. Eu aprendi muito em Doha e estou focado para Tóquio. “
Vendo a trajetória de Paulo André e seus resultados, alguém duvida dessa joia rara brasileira? “Tóquio é o principal, não iremos para passear, vamos para fazer história. Eu e toda a rapaziada dos revezamento queremos medalha para o Brasil. “