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Jogos Escolares

Treino na grama e trabalho na roça: a história de Estevão Duarte

Aos 14 anos, Estevão Duarte treina badminton apenas duas vezes por semana e precisa ajudar a família em Rondônia

Treino na grama e trabalho na roça: a história de Estevão Duarte
Ana Patricia/Inovafoto/COB

Há dois anos, o município de Guajará-Mirim (RO), a 368km de Porto Velho, descobriu o badminton graças ao professor Marconi Jorge, da Escola Estadual Eurico Gaspar Dutra, até então treinador de futsal. Ele foi um dos participantes da clínica oferecida pela Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) e ministrada pelo treinador da seleção brasileira adulta, Marco Vasconcelos, na capital de Rondônia.

A simples apresentação da modalidade e a introdução de conceitos básicos atraíram o professor Marconi, que aproveitou um gramado desnivelado na frente da escola para improvisar uma quadra, em que a rede era amarrada num poste de luz. Foi nesse local que Estevão Duarte, 14 anos, deu seus primeiros passos no esporte e, em menos de dois anos, se tornou o principal nome de Rondônia no badminton, representando o estado nos Jogos Escolares da Juventude, em Blumenau (SC).

“Essa é a primeira vez que saio de Rondônia, viajo de avião e jogo nesse tipo de quadra. Estou achando tudo ótimo, adorando a cidade e gostando ainda mais do esporte”, conta Estevão Duarte, que mora no distrito de Iatá, integrado ao município de Guajará-Mirim, mas a 25km de sua escola.

Atualmente, os treinos ocorrem às segundas e terças de manhã, em uma quadra esburacada próxima ao colégio. As condições ainda não são as ideais, mas Marconi tem investido em novos equipamentos para seus alunos.

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“No ano passado, quando jogava na grama, perdi na etapa regional. Este ano já estamos no cimento queimado, com uma rede da mesma altura que o professor Marconi comprou, e me classifiquei. Mas a quadra ainda é ruim, não é coberta, nem nada”, diz Estevão, que viu uma de suas colegas de equipe se machucar um pouco antes dos Jogos Escolares ao pisar em um buraco na quadra.

Quando não está na escola ou nos treinos, Estevão Duarte volta para casa e procura ajudar a família no trabalho. O adolescente auxilia o pai em pequenos serviços, a mãe na horta e até o primo a carregar melancias. Com tanta responsabilidade no dia a dia, Estevão ainda não tem como dedicar mais tempo ao badminton.

“Ele mora na zona rural, numa casa de madeira bem humilde e trabalha no sítio. A maioria dos irmãos migrou para a capital porque tem mais oportunidade de trabalho. É muito difícil para ele”, explica Marconi, que não esconde a alegria por ver seis atletas rondonienses em Blumenau. “Eles se dedicam o ano inteiro para sair um pouco dessa realidade. Essa viagem vai ficar marcada na história da vida deles, e na minha também”.

Ana Patricia/Inovafoto/COB

Marconi e Estevão Duarte ainda tiveram mais um motivo para comemorar em Blumenau: a estreia com vitória na chave de simples sobre o capixaba Luan Moulin, por 2 sets a 0, parciais de 21/13 e 21/14.

Os Jogos Escolares da Juventude são uma realização do Comitê Olímpico do Brasil (COB), com o apoio da Prefeitura de Blumenau e do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte).

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