Sem torcida não há esporte. E, na grande maioria dos casos, são as famílias que dão motivação durantes os Jogos Escolares da Juventude. Em Blumenau 2019 não é diferente.
Unidas pela arquibancada
Sobe e desce sem parar. De um lado para o outro. Os olhos sempre atentos. Cristina Constante Machado não perde o filho. “Olha lá ele, de azul, agora o Filipe vai trocar o kimono para branco. Ai, vai lutar daqui a pouco”. E sai correndo para o tatame mais afastado.
A amiga Roberta Gomes Machado fica guardando as coisas na arquibancada. “Nos conhecemos por causa do judô. Meu filho João Victor é do sub-21. Já passou pelo Jogos da Juventude também. Agora busca uma vaga na seleção.”
Ambas são de Canoas, no Rio Grande do Sul. Viajam juntas, dividem alegrias e tristezas. O jovem Filipe está prestes a lutar pelo bronze. A mãe Cristina é um misto de lágrimas e orgulho. “O pai dele foi internado no dia que o Filipe foi disputar a seletiva para os JEJs. Hoje o meu filho luta pelo pai falecido.”
Felipe sai derrotado do tatame. Mas ele é um vencedor, passar pela seletiva do Rio Grande do Sul é uma tarefa árdua, o Estado é um celeiro de judocas. A vida segue.
Debruçada na grade. No limite, quase entrando no tatame da luta olímpica. Faz muito calor em Blumenau. O suor escorre do rosto de Eucilene Chaves, que tem que se dividir em três nos Jogos da Juventude de Blumenau. O filho Saulo está prestes a lutar, a filha Maria Eduarda já garantiu o ouro e a pequena Mel não pode ficar sem atenção.
“É uma adrenalina, a gente faz tudo por eles. Independente do resultado, eles saem vencedores. Tenho que apoiá-los psicologicamente. Eu fico para lá e para cá.”
A família é de Teresina, Piauí, mas mudou-se para Santos, litoral de São Paulo. Mudamos porque Santos é um celeiro de campeões. Fora que a escola é melhor, quero que eles tenham oportunidade além da luta. Quando eles estão no tapete, não tem pai, mãe, são só eles. Eles que tomam as decisões. E será assim na vida também. Respeito e disciplina.”
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Apoio incondicional
Muito barulho e animação. O time de handebol da Paraíba, Escola Motiva, está em quadra. A goleira Láiza está sendo alvejada, faz defesas difíceis, mas as rivais do Espírito Santos estão melhores. Não há goleira reserva, então Láiza é a única do time paraibano que joga o tempo todo.
Da arquibancada, a mãe Elluena Lucena sofre, mas vibra muito a cada defesa. “A gente acompanha todos os jogos. Ela tem 13 anos, faz parte do desenvolvimento dela lidar com a derrota. Primeiro ela tem que se divertir. A cobrança tem que ser pontual. Ela sabe que tem o nosso apoio. Vida de goleira não é fácil”
E que apoio. Não importa aonde for nesse Brasil enorme, a mãe de Láiza fará de tudo para acompanhar a filha. “Sabemos que vai chegar uma hora que não estaremos juntos. Até lá, farei o possível.”
O time da Paraíba não passa da fase de grupos. “Por três gols ficamos de fora. E olha que ganhamos do time que acabou passando. Tinha que ter outro critério, mas faz parte”, diz Láiza junto com as companheiras paraibanas.
Pai famoso
Aos 14 anos, Francisco deslancha na repescagem e termina em terceiro lugar nos Jogos Escolares da Juventude. Paulo Gorgulho acompanhou tudo de perto.
Representando o Colégio Santa Cruz e o clube Paineiras do Morumby, de São Paulo, Fran impressionou pela agilidade com que finalizou suas lutas, principalmente na repescagem: somados, seus três últimos combates duraram pouco mais de um minuto.
“Não comecei lutando muito bem, estava meio travado. Isso acontece sempre, talvez fique um pouco nervoso. Depois que perco, eu me solto. Foi assim aqui”, disse o judoca, que está na modalidade desde os quatro anos de idade.
Nas arquibancadas, o pai não escondeu a felicidade por assistir a mais uma conquista do filho, que tem liberdade total para trilhar seu próprio caminho, seja no esporte ou em outra área: “são muitos domingos acordando às cinco da manhã, visitando vários lugares. Quando é possível, a gente vem. Mas o mais importante de tudo é estar com ele, respeitando e reconhecendo sua paixão e dedicação. Ele está fazendo sua história, não são os pais ou o clube. Se ele não quiser mais, não rola. Como quer, tem rolado”, finaliza Paulo.