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Jogos da Juventude

Centro de avaliação busca achar ‘mais cedo’ os campeões

Estrutura do Laboratório Olímpico do Rio de Janeiro foi levada para Aracaju com a missão de coletar dados de cerca de 4 mil jovens visando procurar perfis de potenciais atletas de ponta

Centro de Avaliação e Monitoramento nos Jogos da Juventude Aracaju
(Alexandre Loureiro/COB)

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou no Centro de Convenções de Aracaju, em meio aos Jogos da Juventude, o Centro de Avaliação e Monitoramento. Ele recebe os mais de 4 mil atletas do evento para mapeamento de dados em estágio mais inicial do que historicamente tem sido feito, ainda em idade escolar, e catalogar perfis em diferentes modalidades, como num corte por estados.

“No COB nós sempre entendemos que nos Jogos da Juventude passam atletas medalhistas olímpicos, campeões mundiais e isso é um dado bastante positivo. Nós queremos ir além e entender como esses atletas são quando têm 15, 16 anos de idade”, explica Kenji Saito, diretor de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB. “Num momento em que eles estão começando no caminho olímpico, no esporte de rendimento para junto das confederações trabalharmos. Até chegarem a integrar uma seleção olímpica e representar o nosso país em grandes Jogos multiesportivos internacionais.”

Fundamental para o futuro

Para Felipe Lucero, Supervisor de Ciência e Tecnologia Esportiva do COB, esta é uma necessidade dos nossos tempos. “É fundamental para que no futuro a gente tenha mais campeões olímpicos, medalhas e campeões mundiais. Hoje em dia não se pode desvencilhar o treinamento da tecnologia, da análise de dados, para melhorar os treinos”, diz. “Quando virmos quem chegou no pódio, poderemos selecionar os dados deste medalhista aos 16 anos, por exemplo, e comparar com jovens atletas que estejam nesta idade. Se identificarmos alguém com marcadores semelhantes, já será possível direcioná-lo de forma mais adequada para seu futuro esportivo”, acrescenta, sobre o trabalho em Aracaju.

Para isso, é conveniente aproveitar a presença dos melhores atletas jovens do país em um mesmo local para o desenvolvimento do projeto. Assim, a estrutura montada durante os Jogos da Juventude em Aracaju faz uso de equipamento que está à disposição dos atletas profissionais na sede do COB. “Os materiais utilizados são do Laboratório Olímpico, trouxemos do Rio de Janeiro para Sergipe. Temos aqui uma equipe de 10 especialistas entre preparadores físicos, fisioterapeutas, pessoas de análise de desempenho e de dados”, enumera. “A amostra nos Jogos da Juventude é ótima. São os principais atletas que temos nesta idade escolar nas seleções de base”, Por consequência, este é o melhor parâmetro para produzir algum tipo de estudo e entendimento de como isto está se desenvolvendo no Brasil”, prossegue Lucero.

Centro de Avaliação e Monitoramento nos Jogos da Juventude Aracaju COB
(Alexandre Loureiro/COB)

Testes motores e físicos

Ele explica mais sobre a coleta de dados pelo Centro de Avaliação e Monitoramento dos Jogos da Juventude de Aracaju. “É um conjunto de testes motores e físicos genéricos. Simples. Nada específico para nenhuma modalidade. Não estamos reinventando a roda. Apenas desenhamos um processo prático e eficiente de avaliação que pode ser reproduzido pelos treinadores na sua vida diária. Assim, ao longo do tempo eles também mandar atualizações de resultados para continuarmos o acompanhamento. Produzimos um documento que está disponível a todos os treinadores e professores para levar para sua cidade”, destaca o especialista.

Não apenas docentes e técnicos são bem-vindos. A ideia é abastecer toda a cadeia do esporte brasileiro. “Todas as confederações que solicitarem vão receber essas informações. Algumas já pediram e vamos enviar assim que tivermos os dados tratados”. Lucero destaca que o Brasil tem uma peculiaridade. “Nosso país é muito miscigenado. Não temos um perfil genético dominante. Nossos padrões, mesmo dos nossos campeões, fogem muito do que se vê em outros países. Temos fenômenos só nossos. Este é um interesse muito grande nosso: achar estes perfis. Não há mapeamento no Brasil deste tipo de coisa.”

Darlan e Letícia

Como exemplo ele cita Darlan Romani, destaque brasileiro no arremesso do peso. “Se ele tivesse nascido em algum país europeu, é provável que jamais tivesse sido instigado a tentar o arremesso do peso, porque ele tem uma estatura menor que a média de atletas desta modalidade”, aponta. Ou ainda Letícia Oro Melo, bronze no Mundial de Atletismo no salto em distância. “Ela não tem pernas tão longas como é comum vermos. Se fossem aplicar os padrões de outros países, ninguém jamais teria incentivado a Letícia a fazer salto em distância.”

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