Certamente não é fácil ser o jovem mais rápido do Brasil. Exige dedicação, comprometimento. E claro, a melhor estrutura possível de treinamento à disposição ajuda. Mas quando isso não existe, a superação é o caminho. E foi isso que fez o capixaba Ângelo Miguel Conceição, de 17 anos. Ele correu os 100m dos Jogos da Juventude Aracaju 2022 em 11s19 e vai levar o ouro de volta para Vila de Itaúnas, distrito de Conceição da Barra, quase divisa com a Bahia.
“É uma vila de pescadores, basicamente. Tem umas dunas maravilhosas lá. É onde treino. Da minha casa para Conceição da Barra, por exemplo, são 20km de distância. Não tem pista disponível, então treino no barro, no asfalto e em trilhas das dunas. Treino de manhã e estudo à noite. É difícil, claro, mas nada disso é desculpa”, conta Ângelo, orgulhoso de seu cavanhaque descolorido.
“Lá em casa todo mundo quer que eu tire, mas está dando sorte. Combina com a cor da medalha”, diverte-se.
Descoberto em aula de educação física, Ângelo contou que foi a velocidade no futebol que o levou ao atletismo.
“Eu já era rápido no jogo. E fui fazer esta experimentação e meu professor Gabriel Gagliardi, que é meu técnico até hoje, achou que eu tinha potencial para o atletismo. Isso foi em 2017, nem tem 5 anos. Comecei nos 250m por causa dessa velocidade. Mas eu era habilidoso no futebol também, hein!”, brincou.
A medalha de ouro em Aracaju não foi a primeira da carreira de Ângelo Miguel nos Jogos da Juventude. E ele tem planos bem definidos para o futuro.
“Em Blumenau 2019 eu ganhei nos 75m e nos 250. Ainda fiquei em terceiro no revezamento. Quero ser atleta. Esse é o sonho da minha vida. Estou acabando os estudos já converso em casa que quero me mudar para poder evoluir” explicou.
Atualmente, os treinos em Vila de Itaúnas são complementados sempre que possível por temporadas distante de casa.
“De vez em quando eu vou para Vitória, mas são 5 horas de viagem. Mas é como eu disse. Não é desculpa. É o que eu quero. Ainda vou correr os 200m aqui em Blumenau e espero ir bem outra vez.” E quem há de duvidar?