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Pan-Americano

Um erro que custou R$ 138 milhões

As obras do velódromo do Parque Olímpico apresentam uma conclusão de 76%. Crédito: Renato Sette Camara/Divulgação

As obras do velódromo do Parque Olímpico apresentam uma conclusão de 76%. Crédito: Renato Sette Camara/Divulgação

Por mais que o ritmo das obras dos Jogos Olímpicos Rio 2016 tenham entrado num ritmo bastante aceitável – de acordo com a prefeitura do Rio, 95% do Parque Olímpico encontra-se concluído –, algumas das instalações mantêm um ritmo preocupante nos trabalhos. E o pior, ajudando a encarecer a conta final das Olimpíadas.

Nesta última segunda-feira, ficamos sabendo (informação publicada pelo portal UOL) que o velódromo olímpico, a mais atrasada das obras do Parque da Barra da Tijuca, com 76% de sua construção pronta, precisará receber um aditivo da prefeitura do Rio de R$ 24,8 milhões para ser finalizado. Isso significa um aumento considerável na conta da arena, que passará a ter um custo final estimado de R$ 138 milhões (era de R$ 118,8 milhões em março de 2014).

>>> Veja também: Confira o calendário do esporte olímpico para 2016

Detalhe é que esta obra deveria ter sido concluída em dezembro, porém a expectativa dos organizadores é que tudo esteja pronto até março, data prevista para a realização do evento-teste de ciclismo.

A justificativa para o aumento no custo foi a mudança no método de construção, que para ganhar tempo está sendo feita com itens pré-moldados.

Este exemplo do velódromo, embora seja uma das poucas exceções preocupantes nas obras olímpicas (a Arena da Juventude, em Deodoro, terminou 2015 com 75% das obras prontas), só mostra o quanto o Brasil ainda sofre com a organização de mega-eventos. Para refrescar a memória, lembro que neste mesmo Parque Olímpico existia um outro velódromo, construído para o Pan-Americano de 2007, ao custo de R$ 14 milhões, precisou ser demolido. Motivo: não servia para as Olimpíadas.

Parece incrível, mas uma instalação erguida com madeira siberiana tratada na Holanda não poderia ser usada na Rio 2016 e precisou ser colocada abaixo. Entre os motivos, capacidade de público abaixo da exigida, quantidade inferior de boxes e vestiários e, o mais grave de tudo, inclinação inadequada da pista. Desmontado, acabou sendo doado para a prefeitura de Pinhais (PR), mas sua remontagem é mais cara do que sua construção. Deverá ficar pronto apenas em outubro deste ano.

>>> E mais: Brasil encerra 2015 com 402 vagas na Rio 2016

Pois é, fizeram uma pista que não atendia aos padrões dos principais ciclistas do mundo, segundo uma explicação dada em 2012 por Leonardo Gryner, vice-diretor geral do Rio 2016. Os dirigentes argumentaram que fizeram aquele velódromo pensando no Pan-Americano, só que a desculpa não cola muito, pois o Brasil já estava de olho em sua candidatura para receber as Olimpíadas. Se o tal “legado do Pan” fosse para valer, o velódromo poderia ter sido concebido como a HSBC Arena e o Maria Lenk, duas das instalações do Pan 2007 que serão aproveitadas nos Jogos Olímpicos.

Que a falta de planejamento não seja mais um dos legados para os próximos grandes eventos esportivos que o Brasil receber após as Olimpíadas do Rio de Janeiro.

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