O último Brasileiro de tiro com arco mostrou que é possível sonhar com a inédita presença arqueiros indígenas na seleção brasileira na Olimpíada de Tóquio-2020.
O torneio, encerrado no último domingo (18), em Maricá (RJ), teve como destaque as três medalhas de ouro obtidas pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS). A equipe possuí o projeto “Arqueria Indígena”, com atletas de populações indígenas da Amazônia no tiro com arco.
Sem a presença de Marcus Vinicius D’Almeida, principal nome da modalidade e que representava o Brasil no Mundial militar, os arqueiros amazonenses acabaram dominando as provas olímpicas.
Dream Braga da Silva (chamado Iagoara, da etnia Kambeba) foi o principal nome do Brasileiro, ao ficar com o ouro na prova do recurvo individual masculino e integrando a equipe do recurvo masculino.
Os demais arqueiros indígenas na equipe da FAS são Nelson Moraes (Inha Kambeba) e os irmãos Gustavo Paulino (Ywytu Karapnã) e Graziela Paulino (Iacy Karapanã), que foram ouro nas duplas mistas. Nelson e Gustavo integraram também a equipe do recurvo masculino.
O projeto “Arqueria Indígena” foi criado em 2013 pela FAS, para promover o tiro com arco e fortalecer a cultura das populações indígenas brasileiras. Eles treinam na Vila Olímpica de Manaus, onde contam com toda a infraestrutura multidisciplinar voltada para o alto rendimento.
Seletiva olímpica
Em 2015, a CBTarco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco) realizou uma seletiva para tentar incluir um indígena na equipe que disputaria a Olimpíada Rio-2016. A ideia não vingou, porque nenhum dos arqueiros indígenas selecionados alcançou o índice necessário.
Mas entre os que sonhavam com uma vaga, estava Dream Braga. Conversei com ele na época, quando então ele tinha apenas 18 anos. Muito tímido, admitiu que nada sabia sobre as Olimpíadas. Além disso, disse ter estranhado muito o arco olímpico, mais pesado do que o arco que ele usava na aldeia.
Na época, Dream reconheceu que precisaria adquirir muito mais experiência no tiro com arco para poder almejar um lugar na equipe olímpica do Brasil.
Três anos depois, o sonho mostra que pode não ser tão improvável assim.