Anote em um folha ou dê um print na tela do computador e guarde bem os seguintes nomes de presidentes de confederações olímpicas do Brasil.
Mauro Silva – CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe)
João Tomasini – CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem)
Manoel Oliveira – CBHb (Confederação Brasileira de Handebol)
Luciene Resende – CBG (Confederação Brasileira de Ginástica)
Enrique Montero – CBLP (Confederação Brasileira de Levantamento de Peso)
Henrique Meirelles Cardoso – CBPM (Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno)
Edson Altino Pereira Júnior – CBR (Confederação Brasileira de Remo)
José Luiz Vasconcellos – CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo)
Alberto Maciel Júnior – CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo)
Alaor Azevedo – CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa)
Durval Balen – CBTE (Confederação Brasileira de Tiro Esportivo)
Vicente Fernando Blumenschein – CBTA (Confederação Brasileira de Tiro com Arco)
Walter Pitombo Laranjeiras – CBV (Confederação Brasileira de Vôlei)
Rafael Westrupp – CBT (Confederação Brasileira de Tênis)
Pedro Gama Filho – CBW (Confederação Brasileira de Wrestling)
Estes 15 cartolas foram responsáveis por impedir que o movimento olímpico brasileiro desse um passo gigante rumo à modernização e transparência na gestão esportiva. Os 15 dirigentes acima citados ajudaram a barrar nesta quarta-feira (22) um importante item na divulgação do novo estatuto do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Com os votos contrários dos 15 iluminados cartolas supracitados, foi impedida a presença de 12 atletas com direito a voto na Assembleia Geral da entidade. Ao invés disso, aprovou-se a presença de apenas cinco integrantes da comissão de atletas.
Antes que algum precipitado resolva apedrejar o blogueiro, é necessário reconhecer que houve uma evolução tremenda no novo estatuto aprovado nesta quarta. Há uma enorme mudança em relação ao período em que o COB tornou-se praticamente um feudo de seu ex-presidente, Carlos Nuzman, que entregou o cargo quando ainda estava dentro do presídio de Benfica, no Rio.
Foi aprovada, por exemplo, a permissão para que qualquer brasileiro, maior de 18 anos e indicado por três confederações, possa participar da eleição para a presidência do COB. Criou-se também um Conselho de Ética, com seus cinco membros eleitos individualmente pela Assembleia. Mudou-se a forma de eleição para o Conselho Fiscal, com membros também escolhidos pela Assembleia e houve a criação de uma liderança de conformidade.
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São todas medidas que merecem ser exaltadas. Mas os cartolas retrógrados conseguiram impedir que mais atletas tivessem poder de voto. Concentraram o poder nas mãos dos mesmos.
Fico aqui me perguntando do que têm medo os 15 nobres comandantes das gloriosas confederações que votaram contra esta proposta.
Registre-se que entre os dirigentes contrários, encontram-se vários que há décadas estão no poder e outros bastante enroscados com processos na Justiça e acusações de mau uso de verbas públicas. Talvez as coisas estejam interligadas, vá saber…
É necessário ainda que se façam duas outras observações. A Assembleia desta quarta-feira teve algumas questões mal explicadas. A principal delas, o voto não computado da CBRu (Confederação Brasileira de Rúgbi). O presidente Eduardo Mufarej alega ter registrado em ata seu voto, antes de deixar a reunião por motivos pessoais. Como não estava presente, Alaor Azevedo, do tênis de mesa, propôs que o voto do rúgbi fosse anulado. Se validado, haveria empate em 30 votos e caberia ao presidente do COB, Paulo Wanderley, desempatar.
A CBRu ameaça entrar na Justiça para anular a Assembleia desta quarta-feira. Seria um vexame inimaginável pára uma gestão que chegou prometendo uma nova cara ao COB. A Atletas pelo Brasil, que teve participação importante nas sugestões do novo estatuto, imediatamente soltou uma nota repudiando a decisão. Outra ONG que atuou na elaboração do novo estatuto, a Sou do Esporte, também publicou um duro comunicado em sua página no Facebook, lembrando que as confederações fizeram valer a lei da mordaça para os atletas.
Ter mais atletas com direito a voto não significa que automaticamente o esporte olímpico brasileiro teria todos os seus problemas resolvidos. Basta lembrar que Carlos Arthur Nuzman foi atleta olímpico, por exemplo. Mas haveria um efeito renovador e quem sabe, até trazendo pontos positivos para a nova gestão do COB. Pena que os 15 gênios da cartolagem não deixaram.
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