Há exatos sete dias, o esporte olímpico brasileiro começou a viver uma revolução que ainda está longe de terminar. Com direito a prisões, protestos e cartas de renúncia, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) encara aquele que talvez seja o maior desafio desde sua fundação, em 8 de junho de 1914.
Uma revolução que começou com um vexame impensável: a prisão do homem que se perpetuava no poder do COB há 22 anos, Carlos Arthur Nuzman. Um dirigente que foi do céu ao inferno. Após trazer para o Brasil a Olimpíada do Rio-2016, depois de ter organizado um superfaturado Pan-Americano de 2007, Nuzman acabou preso como suspeito de integrar um esquema de corrupção de compra de votos na eleição para os Jogos de 2016.
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Nesta semana que passou, o COB passou pelo vexame de ser suspenso pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e perder ajuda financeira da entidade. Ainda pudemos ver o mesmo Nuzman enviando uma carta de afastamento da presidência do COB, para, em suas próprias palavras, “defender minha honra e provar minha inocência”.
O então mandatário interino, o vice Paulo Wanderley, convocou uma Assembleia Extraordinária, para definir os rumos da entidade. A “semana revolucionária” teve ainda vários ex-atletas se manifestando e pedindo a moralização do esporte olímpico do Brasil. Por fim, nesta quarta-feira, a renúncia de Nuzman e convocação de uma comissão para aprovar um novo estatuto, em 45 dias.
Com o ex-presidente saindo pela porta dos fundos, cabe à Wanderley, empossado como novo presidente do COB, olhar para frente. Sem apego demais ao passado, como demonstrou na coletiva à imprensa após a Assembleia desta quarta. “Esportivamente, nenhum outro dirigente conseguirá realizar o que Nuzman fez no Brasil”, disse Wanderley. Uma análise bastante discutível, diante do quadro atual de desalento em que se encontra a maioria absoluta das confederações esportivas do país.
Amparado pelo sucesso no comando da CBJ, que transformou o judô brasileiro no esporte com mais medalhas olímpicas na história (22, sendo quatro de ouro), Paulo Wanderley precisa apoiar mudanças profundas. Basicamente na estrutura do esporte olímpico, que incluam desde a mudança no colégio eleitoral do COB, dando mais representatividade à Comissão de Atletas, até a forma de distribuição de recursos que são arrecadados pela Lei Agnelo/Piva.
É muito trabalho pela frente. A reconstrução do COB só está começando e nada indica que será fácil.
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