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Seleção Brasileira

A carta de Nuzman é a senha para o COB fazer uma faxina geral

Com o pedido de afastamento de Carlos Arthur Nuzman, dirigentes brasileiros deveriam aproveitar assembleia geral do COB para promover uma grande revolução

Carta em que Carlos Arthur Nuzman solicita o seu afastamento da presidência do COB (Crédito: Reprodução)

Foram apenas 20 linhas. Menos de uma para cada ano em que ficou na presidência do COB (Comitê Olímpico do Brasil). A carta em que Carlos Arthur Nuzman solicitou neste sábado seu afastamento do comando da entidade e também do Comitê Rio-2016 deveria ter um significado que vai além de seu conteúdo.

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Na correspondência, escrita diretamente do presídio em Benfica, onde se encontra detido desde a última quinta-feira, por suspeita de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016, Nuzman usa na verdade uma estratégia de defesa. Ao se afastar dos cargos pelos quais é investigado, ele imagina que poderia convencer o Ministério Público de que não há necessidade de permanecer preso. Fora da cadeia, tentaria provar sua inocência e retomar o comando do esporte olímpico brasileiro.

Só existe um pequeno problema nesta equação: esportivamente falando, Carlos Arthur Nuzman está politicamente acabado. Não há nada que possa salvar sua reputação perante à comunidade olímpica brasileira ou mesmo internacional. Sua única preocupação deveria ser a de evitar que passe uma longa temporada atrás das grades.

É diante deste cenário que o COB precisa aproveitar a licença do cartola que o comandou por 22 anos para fazer uma faxina geral. Embora nada indica que isso ocorrerá na assembleia extraordinária convocada pelo presidente interino Paulo Wanderley para a próxima quarta-feira.

O único caminho para o esporte olímpico brasileiro finalmente dar uma virada de página seria que no próximo encontro dos dirigentes, houvesse uma profunda mudança no modelo de gestão, dando mais apoio e voz aos atletas e uma reformulação no próprio estatuto do COB, permitindo uma verdadeira alternância no poder e impedindo que novas dinastias como as criadas por Carlos Arthur Nuzman voltassem a aparecer.

Mas se não foi possível ouvir uma única declaração de um dos cartolas sobre a vexatória prisão ocorrida no último dia 5, parece ser mesmo ingenuidade sonhar com algum passo mais adiante da turma que está aí. O caminho para a  mudança está aberto, basta ter coragem de encará-lo.

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