Uma notícia publicada pelo site Tribo Skate na última semana sinalizou o possível fim de um problema que ameaça o sucesso do skate na Olimpíada de Tóquio-2020. Congresso realizado em Nanquim (China) aprovou a mudança de nome da FIRS (Federação Internacional de Esportes sobre Rodas) para World Skate. Além disso, a ISF (Federação Internacional de Skate) seria incorporada pela nova entidade, que organizará o skate olímpico em Tóquio. Seria, portanto, a paz para a modalidade. Assim, possíveis boicotes dos grandes nomes da modalidade teoricamente estariam afastados.
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Se em termos internacionais a nova World Skate, já filiada ao COI há anos, pode ter dado um ponto final na briga sobre quem irá administrar uma das cinco novas modalidades olímpicas, no Brasil a situação está longe de chegar a um acordo.
A CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação), filiada à World Skate, segue ainda oficialmente como a responsável pelo skate olímpico, reconhecida pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil). Do outro lado, a CBSk (Confederação Brasileira de Skate), que tem apoio dos principais skatistas do país e sempre criticou abertamente a gestão do esporte ter sido passada à CBHP.
Ao longo do ano, o próprio COB tentou intermediar um acordo entre as duas entidades, mas nada aconteceu. No final de agosto, uma mudança no comando da CBSk pode significar finalmente que surja a paz entre as entidades. O presidente e vice da CBSk (Marcelo Santos e Ed Scander, respectivamente) entregaram os cargos. Uma nova eleição foi marcada para 30 de setembro e um dos maiores nomes do skate mundial, Bob Burnquist, lançou sua candidatura à presidência.
Pelo histórico das duas entidades, o nome de um ídolo como Burnquist pode sim colocar fim ao impasse. No início do ano, o blog publicou uma reportagem, mostrando os desentendimentos entre as duas entidades, ampliada por uma campanha na internet feita pelos integrantes da CBSk, para que fosse reconhecida pelo COB.
Diante das mudanças ocorridas no comando internacional do skate, o Comitê Olímpico do Brasil foi questionado sobre alguma mudança no posicionamento da entidade a respeito de uma possível filiação da CBSk . A resposta da assessoria de imprensa do COB é que a situação permanece a mesma. Ou seja, por enquanto no Brasil, a organização do skate olímpico está sob responsabilidade da CBHP.
Esperança de acordo
A possível entrada de Bob Burnquist no comando da CBSk deixa aberta a esperança de que enfim chegue-se a um acordo na organização do skate para 2020. O presidente da CBHP, Moacyr Neuenschwander Junior, falou sobre o impasse em relação ao skate olímpico no Brasil.
Laguna Olímpico: O acordo entre FIRS e ISF, que resultou na mudança no nome da entidade para World Skate, encerra de vez a polêmica do skate para a Olimpíada de Tóquio-2020?
Moacyr Neuenschwander Junior – Espero que sim e que sirva de modelo para que as associações de Skateboarding existentes nos diversos países possam finalmente entender que, se foi possível uma união de trabalho em nível internacional, o mesmo poderá ser feito em nível nacional. A FIRS é uma Federação multi-disciplinária (rege 10 modalidades) e a mudança para World Skate (em tradução livre: Patim Mundial), como nos foi explicado no Congresso em que aprovamos a nova denominação, se deve para melhor identificar a entidade como gestora de todas as modalidades que utilizam patins de rodas. Dentre outras entidades, este modelo já havia sido adotado com o Rugby (World Rugby), Vela (World Sailing) e Boliche (World Bowling) – todas com mais de uma modalidade sob o mesmo guarda-chuva.
A mudança no comando da CBSK e a possível chegada de um ídolo brasileiro e mundial como Bob Burnquist para presidir a entidade, pode facilitar um acordo entre a CBHP e a CBSK?
Tenho esperança de que o futuro Presidente da CBSk possa ser um interlocutor que compreenda melhor os aspectos Estatutários das entidades envolvidas neste processo que levaram a modalidade ao olimpismo e que ao menos se disponha a sentar numa mesa para tentarmos encontrar soluções de trabalho conjunto, o que não ocorreu até agora, ao contrário, nunca houve sequer uma resposta por parte da CBSk aos nossos chamados para uma reunião.
Como foi a conversa com o COB? Como eles estão avaliando o impasse em relação ao cenário do skate brasileiro?
Nesse sentido, nada mudou, tanto é que nossa última conversa foi na reunião de integração com as 5 novas Confederações olímpicas, onde nos foram explicados todos os mecanismos, processos, obrigações e outras situações referentes à tudo que envolve uma Confederação filiada em função do ciclo olímpico.
Como é a proposta que a CBHP está oferecendo para que exista um acordo com a CBSK visando Tóquio-2020?
A CBHP sempre esteve aberta ao mesmo modelo proposto pelo COI: o pessoal da ISF faz parte agora do Comité Técnico da World Skate (ex-FIRS), gerenciando os aspectos técnicos da modalidade Skateboarding, assim como fazem os outros 9 Comités Técnicos. Nossa proposta sempre foi esta, trazer o pessoal da CBSk para dirigir o Comitê Técnico da CBHP no que se refere ao ciclo olímpico, sem interferir nem ter responsabilidade em absolutamente nada no que a CBSk faz ou deixa de fazer no dia a dia daquela entidade. Muito importante também deixar bem claro que os recursos financeiros recebidos, quer sejam públicos e/ou internacionais que venham a ser eventualmente recebidos, serão utilizados integralmente nas atividades do Skateboarding e para a manutenção da entidade no ciclo olímpico de Tóquio/2020, dentro do que permite e determina a Lei brasileira.
Acha que o COI, com medo do boicote dos grandes nomes do skate mundial (Brasil e EUA), pode fazer alguma movimentação que acabe deixando que somente a ISF no comando do skate olímpico para 2020?
Isto não poderá ocorrer pois o COI é o guardião da Carta Olímpica e reconhece apenas uma Federação internacional: a FIRS (agora World Skate).
A crise pela qual passa Carlos Nuzman não pode enfraquecer a posição da CBHP em relação ao skate olímpico, até por conta da chegada de alguém com o peso de Bob Burnquist para comandar a CBSK?
O COB é uma entidade com mais de 100 anos e que se rege por seus Estatutos, respeitando a Carta Olímpica e os Estatutos das entidades à ele filiadas. Nenhum atleta é maior do que o COB e as entidades à ele filiadas.
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