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Seleção Brasileira

Basquete feminino brasileiro sofre pelos erros do passado

A inacreditável derrota para Ilhas Virgens pode custar a classificação da Seleção Brasileira feminina ao Mundial da Espanha. Mas ainda há esperança

Veterana pivô Kelly recupera rebote na derrota do Brasil para Ilhas Virgens, pela Copa América de basquete (Crédito: Fiba)

Na história do basquete mundial, a seleção feminina das Ilhas Virgens é pouco mais do que mera coadjuvante. Pelo ranking da Fiba (Federação Internacional de Basquete), é somente a 50ª melhor do mundo. Nas Américas, ocupa a 15ª e última posição. Ou seja, tradição zero. Pois o basquete feminino brasileiro conseguiu a proeza de perder para Ilhas Virgens em um jogo de competição adulta.

Nesta quarta-feira (9), pela Copa América, disputada em Buenos Aires (ARG), a Seleção Brasileira foi derrotada pelo valente time de Ilhas Virgens, por 67 a 60, na prorrogação! Detalhe: no tempo extra, as brasileiras marcaram míseros dois pontos, contra nove das caribenhas, o que foi determinante para a inacreditável derrota.

É verdade que mais da metade da seleção de Ilhas Virgens joga por universidades americanas e inclusive uma delas atua no basquete da França. Mas isso não pode servir de justificativa para aceitar passivamente uma derrota do Brasil para uma equipe deste nível.

É bom lembrar que estamos falando de uma equipe que entre 1994 e 2006 acostumou-se a ficar no top 4 do mundo, ganhando neste período um título mundial (94) e duas medalhas olímpicas (prata em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000).

Estamos falando de um time que brindou o mundo com duas jogadores extraterrestres, Hortência e Paula; uma fora de série, Janeth; algumas excepcionais, como Alessandra, Marta, Leila, Helen, Silvinha, Adriana, Adrianinha… O basquete feminino do Brasil foi um dos grandes motivos de orgulho para o esporte deste país. Não poderia jamais encarar um vexame deste tamanho.

O valor desta conta nem pode ser cobrado deste grupo ou da atual gestão da CBB. Tanto o grupo de atletas como o atual treinador, Carlos Lima, pouco podem fazer diante do cenário de penúria em que se encontra a modalidade. Tudo isso fruto dos anos tenebrosos em que o antigo presidente Carlos Nunes esteve no comando da entidade.

Se formos analisar mais a fundo, o basquete feminino sofre com o descaso que a CBB sempre teve com ele. Era uma espécie de “patinho feio”, que nunca teve da entidade a devida atenção. A situação mudou de figura um pouco quando os resultados vieram. A falta de estrutura era disfarçada enquanto as jogadas mágicas de Paula e as cestas incríveis de Hortência estiveram em quadra.

Após a aposentadoria de Janeth, no Pan do Rio-2007, a situação vem piorando a cada ano. Nada se fez para desenvolvimento da modalidade. Trabalho de base ainda é deficitário e a liga nacional ainda capenga, com falta de clubes – a última teve seis participantes. Sim, parece que o poço não tem mais fundo.

O vexame contra Ilhas Virgens pode custar muito caro. Hoje (10), o Brasil precisa vencer a Argentina para chegar à semifinal da Copa América e ainda sonhar com a vaga para o Mundial da Espanha, em 2018.  Mas com um time desfalcado de suas principais jogadoras, como Erika e Clarissa, será um sufoco. O jogo começará às 21h05 (horário de Brasília).

Se ganhar, avança para a semifinal. Se perder, precisa torcer para que na preliminar a Colômbia derrote a Venezuela. Assim, ficariam três times empatados em segundo lugar no grupo (Brasil, Ilhas Virgens e Colômbia). Aí, as brasileiras avançariam pelos critérios de desempate. Se tudo isso der errado, o Brasil estará fora do Mundial.

Por todo o seu passado de glórias, o basquete feminino não merecia passar por tudo isso.

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