Um dos filmes mais icônicos da história recente do cinema foi a trilogia “De Volta para o Futuro”, entre 1985 e 1990. Virou referência pop para toda uma geração. Acredito que todo mundo já tenha visto ao menos algum dos três episódios, mas para quem não sabe do que eu estou falando, é uma aventura deliciosa, estrelada por Michael J. Fox e Christopher Lloyd. Durante um período de 30 anos, no passado e no futuro, eles viajam no tempo a bordo de um DeLorean voador. Se não viu, assista correndo. Se já assistiu, reveja.
Mas o que a história de um filme de aventura/ficção científica faz dentro de um blog de esportes olímpicos?
Pois bem, lembrei-me das cenas inesquecíveis de Marty McFly e do Dr. Emmet Brown ao ler trechos da entrevista do presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, nesta quarta-feira, poucas horas antes da entrega do Prêmio Brasil Olímpico.
(Pausa no post, para registrar minha alegria aos prêmios de Rafaela Silva, como melhor atleta feminina e Atleta da Torcida. Em compensação, achei injusta a escolha de Isaquias Queiroz como melhor atleta masculino, não pelo incrível feito do canoísta, triplo medalhista na Rio-2016. Mas por que raios não deram o prêmio a Thiago Braz? Ganhar medalha de ouro, batendo campeão olímpico e com direito a recorde olímpico? Precisava fazer mais o que? Chegar na Lua?)
Registro feito, voltemos a Nuzman, que sem meias palavras, disse que diante do quadro de indefinição financeira, com retirada de patrocínios, tanto no próprio COB como em várias confederações, o esporte brasileiro retornou no tempo, mais precisamente 17 anos. “Era natural que se esperasse esse cenário com menos patrocinadores e a não renovação de parcerias comerciais. Voltamos à situação de antes de Sydney 2000”, disse o dirigente.
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Fiquei esperando o DeLorean de Nuzman atingir os 140 km/h, a velocidade na qual o capacitor de fluxo criado pelo Dr. Brown começava a funcionar e aguardar seu retorno a 2017. E se pudesse, perguntaria ao presidente do COB se não faltou um pouco mais de preocupação de sua entidade com este período de ressaca olímpica. Será que não teria sido necessário fazer um planejamento para ajudar as confederações a se prepararem para os tempos mais bicudos?
Sabe a fábula da cigarra e da formiga? É bem por aí.
Não é possível admitir, sem indignação, que o esporte olímpico brasileiro retorne tanto no tempo. Nem mesmo a terrível crise econômica na qual o Brasil está envolvido pode justificar isso.
Não temos infelizmente uma máquina do tempo para nos permitir corrigir os erros do passado. Se o DeLorean do genial “De Volta para o Futuro” existisse de fato, eu mesmo convidaria Nuzman para pegar uma carona e voltar 17 anos no tempo. Com certeza encontraríamos as respostas para muitos dos problemas atuais do esporte olímpico brasileiro.