O basquete brasileiro vive desde a última sexta-feira (10) uma nova realidade. Saiu a gestão calamitosa de Carlos Nunes, responsável por deixar a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) falida, afundada em dívidas e suspensa pela Fiba (Federação Internacional de Basquete). No lugar dele, assumiu o paraense Guy Peixoto, ex-jogador do Monte Líbano e da Seleção Brasileira. A vitória de Peixoto por tranquila diferença (17 a 9), além do apoio de grandes nomes do basquete nacional, lhe dá respaldo para tirar a CBB do limbo.
Claro que a tarefa de Peixoto promete ser extremamente complicada. Primeiro, precisa terminar com a suspensão imposta pela Fiba para as equipes brasileiras em competições internacionais. Isso já custou, por exemplo, a participação da Seleção feminina sub-19 no Mundial da categoria. Depois, precisará arrumar as finanças e começar a planejar o ciclo olímpico para Tóquio-2020. Pelo tamanho do rombo deixado por Nunes, dificilmente poderemos sonhar com grandes resultados nos próximos quatro anos.
O mais importante que a vitória de Guy Peixoto traz é a necessidade de mudança de rumo no esporte olímpico brasileiro. E isso passa obrigatoriamente pela alternância de poder nas confederações nacionais. Parece óbvio, mas por aqui isso ainda é encarado como algo de outro mundo. O apego dos cartolas ao poder é enorme e às vezes só mesmo uma crise para obrigar a fazer uma troca de guarda.
A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que desde 1988 é comandada por Coaracy Nunes, é um bom exemplo disso. No próximo sábado (18), se a liminar que suspendeu a eleição for cassada, a comunidade aquática do Brasil deverá finalmente escolher um novo nome para comandá-la. Mesmo sem concorrer, Coaracy tenta emplacar seu candidato (Sergio Silva) e evitar a vitória da oposição (Miguel Cagnoli). As investigações do Ministério Público por mau uso de dinheiro público são a grande ameaça ao continuísmo na CBDA.
Outro que vai se perpetuando no poder é João Tomasini Schwertner, que desde 1989 comanda a CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem).Pois acreditem, ele ficará mais quatro anos no poder. Na próxima sexta-feira (17), em Curitiba, será aclamado para ocupar o cargo no quadriênio 2017-2020. Apenas uma chapa concorrerá.
A despeito dos ótimos resultados da modalidade na Rio-2016, com as três medalhas de Isaquias Queiroz (uma em parceria com Erlon Souza), será que já não era o momento de uma troca de comando na canoagem brasileira? Está tudo ótimo, sem problemas?
O handebol também preferiu optar em manter no poder Manoel Luiz de Oliveira, que comanda a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) desde 1989. Ele ainda teve oposição, superada com relativa tranquilidade na eleição, mas aguarda a homologação da vitória. Com várias denúncias contra sua administração, Oliveira viu o STJD da modalidade deixar o resultado sub-judice.
A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) foi outra entidade em que o presidente foi escolhido por aclamação. A diferença é que com a saída de Paula Wanderley, que ocupa a vice-presidência do COB (Comitê Olímpico do Brasil), foi empossado Silvio Acácio Borges, presidente da Federação Catarinense e que era apoiado pelo antigo mandatário.
O esporte brasileiro só irá evoluir com novas ideias, novos conceitos. Que o exemplo do basquete possa inspirar outras modalidades.
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