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Seleção Brasileira

O esporte brasileiro precisa se reinventar

Crise econômica que atinge o país se reflete diretamente nas modalidades olímpicas do Brasil. É necessário buscar um novo caminho até Tóquio-2020

A crise que continua atormentando o Brasil, com assustadores índices de desemprego e uma tímida retomada econômica do país, não deixaria de afetar o esporte brasileiro, especialmente o olímpico, que precisa se reinventar o mais rápido possível. Duvida?

Na última sexta-feira (10), uma excelente reportagem publicada pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, de autoria de André Baibich (clique aqui para ver), expôs sem meias palavras a dura realidade que atinge a maioria absoluta dos atletas que representaram o Brasil na Olimpíada Rio-2016.

Ao pegar depoimentos de vários atletas, inclusive de medalhistas olímpicos como Arthur Zanetti (ginástica artística), Poliana Okimoto (maratona aquática) e Felipe Wu (tiro esportivo), a matéria mostrou aquilo que muitos já tinham previsto que aconteceria e que inclusive foi tema de um post aqui do blog: a ressaca olímpica viria forte. E não parece dar sinais de que irá acabar tão cedo.

O grande nó neste novelo em que se meteu o esporte brasileiro está no modelo de seu principal financiamento. Basicamente, bancado por verbas federais. E quando este “mecenas” passa por um momento de crise de caixa, é inevitável que as torneiras fechem para aquilo que não é prioridade. No caso, o esporte de alto rendimento.

Na reportagem do Zero Hora, fica clara essa dependência da nossa estrutura esportiva com o dinheiro público. O ex-nadador Luiz Lima, secretário de alto rendimento do Ministério do Esporte, mostrou ao jornal gaúcho que as seis fontes principais de abastecimento para as diversas modalidades são: Lei Agnelo/Piva, Lei de Incentivo ao Esporte, Bolsa Atleta, convênios com o Ministério, patrocínio de estatais e o programa de esportes das Forças Armadas. Tudo verba pública.

Poucos são os exemplos de apoios consistentes vindos da iniciativa privada. E existem também as empresas que usam a ocasião para explorar sua marca, patrocinando um atleta ou um grupo de atletas por um determinado período, às vésperas de Olimpíadas, normalmente. No último ciclo olímpico, isso foi um pouco diferente porque os Jogos seriam no Brasil, ou sejam valia a pena investir por mais tempo.

Soma-se à esta dependência dos cofres públicos uma incompetência quase endêmica de várias confederações brasileiras de diversas modalidades, temos o quadro atual de indefinição que o esporte olímpico brasileiro encara neste começo de novo ciclo olímpico.

E nesse bolo também não pode ser ignorado o papel do COB (Comitê Olímpico do Brasil), que já avisou que uma nova realidade está diante de todos os envolvidos. Acrescentaria que a própria entidade precisa repensar a forma de gerir o esporte de alto rendimento brasileiro, cá entre nós.

A fartura que atletas e dirigentes conheceram entre 2013 e 2016 não existe mais. Dificilmente voltará a ocorrer, cá entre nós. É bom que todos os envolvidos estejam cientes disso e busquem novas soluções. Assim, não desfilarão desculpas esfarrapadas caso os resultados em Tóquio-2020 não apareçam.

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