As imagens exibidas em reportagem neste sábado, no Jornal Nacional da TV Globo, mostrando o estado de abandono do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, comprovam que jamais se pensou seriamente no que viria após a Olimpíada Rio-2016. Tristeza e vergonha são as melhores palavras que definem a situação atual da obra que custou R$ 2,162 bilhões, segundo o site do Ministério do Esporte.
Não tinha visto a exibição da matéria ao vivo, mas ao retornar para casa e vendo links e comentários compartilhados em redes sociais, resolvi checar. Não sei se as imagens me causaram mais raiva ou decepção de ver aquilo que muitos apelidaram jocosamente (e com razão) de “largado olímpico”.
Ironicamente, neste domingo completam-se exatos seis meses da abertura da Olimpíada, no Maracanã, que também se encontra abandonado e largado à própria sorte. Por mais que muitos tenham alertado para o tamanho do risco da aventura olímpica brasileira – sendo tachados de chatos e antipatriotas, para dizer o mínimo – o que vemos hoje não pode ser considerada uma surpresa.
A única preocupação para quem organizou a festa olímpica (e também paralímpica) era a de deixar a casa pronta, mesmo fazendo um retoque ali ou acolá durante o evento. Os discursos de aproveitamento das instalações, que incluíam até mesmo a transformação de um dos ginásios, a Arena do Futuro, em escolas municipais, foram apenas palavras inúteis no ar.
Como aceitar passivamente que a piscina de aquecimento ao lado do Centro Aquático, que recebeu simplesmente Michael Phelps, tenha virado um tanque malcuidado e com água parada? Um verdadeiro absurdo para uma cidade que há um ano vivia um risco de epidemia de dengue e zika.
Também é inaceitável ver que as cadeiras que estavam nas arquibancadas das várias arenas estejam empilhadas ao ar livre, sendo castigadas pelo sol impiedoso ou pela água da chuva. Ninguém pensou no prejuízo que isso pode causar com estes equipamentos?
Para quem não sabe, o primeiro evento esportivo olímpico no local aconteceu neste domingo, em um desafio de vôlei de praia no Centro Olímpico de Tênis, quando Alison e Bruno Schmidt perderam para os americanos Lucena e Dalhausser.
Já passou do momento dos poderes públicos ficarem empurrando o problema com a barriga e justificando com a falência financeira do Rio de Janeiro, estado e município, a inoperância em definir uma utilização decente para as instalações do Parque Olímpico. Aparentemente, o Ministério do Esporte tomou para si a tarefa de administra-lo. Então, que comece a trabalhar de forma efetiva e que as arenas construídas na Barra da Tijuca não se transformem em um patético cemitério de elefantes brancos.
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