As últimas semanas na contagem regressiva para a abertura dos Jogos Rio 2016 têm caído como uma luva para aqueles que acreditam em astrologia dizerem que a Olimpíada passa por uma espécie de “inferno astral pré-olímpico”. É verdade que os especialistas nas ciências dos astros dizem que essa situação não existe. Uma explicação popular para o termo ensina que se trata de uma fase na qual tudo dá errado para uma pessoa no período próximo a seu aniversário.
Mas em que lugar o inferno astral tem a ver com a Olimpíada Rio-2016? Basta ler com um pouco de atenção o noticiário envolvendo os Jogos recentemente para entender a relação.
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O exemplo mais recente ocorreu nesta sexta-feira (24), quando explodiu como uma bomba a notícia de que o Laboratório Brasileiro para Controle de Dopagem (LBCD), no qual foram investidos R$ 134 milhões em obras e mais R$ 54 milhões de equipamento (tudo com verba do governo federal), está suspenso provisoriamente pela Wada (Agência Mundial Antidoping). O motivo, segundo apuração do companheiro Rafael Valesi, do LANCE!, teria sido uma falha na análise de um teste antidoping.
Falha de procedimento a pouco mais de 40 dias da abertura da Olimpíada!
Seria surreal imaginar que a cidade-sede dos Jogos Olímpicos não tenha um laboratório a pleno vapor para fazer as análises de tantos exames que serão feitos ao longo dos 17 dias de competição. Sem contar os custos astronômicos que seriam somados, para transportar as amostras a outro país com um laboratório credenciado pela Wada. Justamente em um laboratório que em 2013 teve revogada sua credencial de reconhecimento por seguidas falhas e erros de procedimento.
Pior é que tudo isso ocorre momento em que a Agência Antidoping comanda uma batalha ferrenha a favor do esporte limpo. Há ainda uma chance para reverter essa bizarra situação, quando uma comissão da Wada realizar uma nova inspeção no LBCD, em julho e pode reverter a tal suspensão.
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Mas o inferno astral pré-olímpico nesta semana também nos brindou com outro episódio que caberia como uma luva na série de TV “Acredite se quiser”, que era protagonizada pelo ator Jack Palance e foi exibida no Brasil pela extinta TV Manchete nos anos 80. Foi o caso da morte da onça Juma, que por iniciativa de soldados do Comando de Guerra da Selva, estava presente em uma parte do revezamento da tocha olímpica em Manaus, na última segunda-feira (20). No momento de ser reconduzido ao zoológico, o animal acabou fugindo e precisou ser abatido a tiros pelos soldados, mesmo tendo sido atingido por disparos de tranquilizantes.
Já surgiu uma versão de que a onça estava “por acaso” no percurso da tocha, mas o dano da imagem já está feito: o assunto foi manchete em jornais no exterior e causou uma comoção generalizada em redes sociais, onde não faltam palavras pouco elogiosas tanto à chama olímpica quanto aos próprios Jogos.
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As últimas semanas também trouxeram notícias de astros do esporte abrindo mão de vir ao Rio de Janeiro, alguns por questão física, como os astros americano do basquete LeBron James e Stephen Curry, e outros com medo do vírus zika, como o jogador de golfe irlandês Rory McIlroy, ex-número um do mundo e quarto no atual ranking da Federação Internacional de Golfe. Outras estrelas da modalidade, que retorna às Olimpíadas após 112 anos, também declinaram de vir ao Rio de Janeiro colocando a culpa no mosquito.
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Para completar o cenário astrológico desfavorável, o velódromo olímpico, a obra mais polêmica entre todas destes Jogos, que deveria ser entregue (não 100% completa) neste sábado, teve a data reagendada para amanhã (26), por causa de uma mudança de agenda do prefeito Eduardo Paes. Não custa lembrar que o velódromo, orçado em R$ 143,6 milhões, deveria ter sido entregue no quarto trimestre do ano passado.
A dúvida que existe é saber até quando vai durar esse “inferno astral olímpico”. Convenhamos, já está mais do que na hora de terminar.