Nesta quarta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, confirmou que a pira olímpica dos Jogos Rio-2016 ficará instalada na região portuária da cidade, mais precisamente na Praça Mauá, próxima também de onde está o Museu do Amanhã, inaugurado este ano. Coincidência ou não, na mesma local irá funcionar uma espécie de “boulevard olímpico”, com palco para shows e telões que irão exibir as competições olímpicas, numa área que faz parte do projeto de legado olímpico, que era o de revitalizar uma antiga parte degradada da cidade.
Certamente, o clima será de festa permanente, nos 17 dias de duração dos Jogos. Mas a decisão dos organizadores significou na prática um bico na tradição olímpica.
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Será a primeira vez na história dos Jogos de Verão em que o fogo olímpico ficará fora do estádio que recebeu as cerimônias de abertura e encerramento, além das provas de atletismo. Mas não foi a primeira vez que a chama olímpica ficou fora das dependências do estádio. Nos Jogos de inverno de Sochi 2014, a pira também ficou instalada fora da arena que recebeu a cerimônia de abertura. Com uma pequena diferença: o monumento com o fogo olímpico estava localizado ao lado do estádio olímpico.
No caso da Rio-2016, algumas peculiaridades ajudaram a que a decisão de deixar a pira na região portuária. A primeira delas é que não existe um estádio olímpico propriamente dito no Rio. O Maracanã receberá as cerimônias (abertura e encerramento) e as finais do futebol masculino e feminino. O atletismo, uma das modalidades mais tradicionais na Olimpíada, será disputado no estádio Nilton Santos, o Engenhão (ou Niltão, como os torcedores do Botafogo preferem chamá-lo).
Ainda que estas razões justifiquem a colocação da pira olímpica em um espaço distante de qualquer sede esportiva dos Jogos, para mim a solução encontrada foi péssima. Talvez fosse ideal repetir o exemplo russo e deixar a pira olímpica em frente ao Maracanã, um símbolo do esporte mais popular do Brasil. Ou então, como sugeriram alguns colegas da redação do Lance!, deixar a chama acesa no Cristo Redentor.
Pelo visto, essa coisa de tradição anda meio fora de moda.