O cancelamento do evento-teste do ciclismo pista, previsto para acontecer entre os dias 29 de abril e 1º de maio, aumenta de forma inegável a pressão sobre os organizadores dos Jogos Rio 2016. E não importa dizer que a madeira que veio da Sibéria tenha sido entregue com atraso e soa apenas como uma compensação insuficiente lembrar que haverá um teste, com atletas brasileiros, de algumas das funções da instalação no final de junho (entre 25 e 27).
O fato concreto é que ao serem obrigados a cancelar uma competição que testaria uma das instalações mais importantes construídas no Parque Olímpico, os organizadores acabam amplificando as críticas da comunidade internacional do ciclismo, especialmente dos dirigentes da UCI (União Ciclística Internacional), que já estava torcendo o nariz para os atrasos na finalização da construção da obra.
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Ao anunciar nesta quinta-feira (24) que não teria como realizar o evento-teste que já havia sido adiado uma vez – a data original era de 18 a 20 de março, passando entre seguida para os dias 29/4 e 1º/5 -, o Comitê Rio-2016 fica sem muitos argumentos para não colocar o polêmico velódromo que ainda está sendo finalizado no Parque Olímpico da Barra como um dos principais pontos negativos na organização dos Jogos.
Primeiro, pelo atraso com que as obras da instalação começaram, apenas em fevereiro de 2014. Depois, pelo aumento dos custos, que de R$ 118,8 milhões previstos inicialmente, subiu para incríveis R$ 138 milhões, em razão da mudança no método de construção.
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Como disse no primeiro parágrafo, não importa a desculpa, mas trata-se de um vexame indesculpável em termos de planejamento para a Olimpíada do Rio. Mais um para a conta, basta lembrar a despoluição (ops) da Baia de Guanabara, os atrasos na conclusão da raia do remo na Lagoa Rodrigo de Freitas, a reforma na pista de atletismo do Engenhão…
Aliás, é de se estranhar porque a prefeitura do Rio (responsável pela obra) entregou o velódromo ao comitê organizador no final de fevereiro, se a pista ainda não estava concluída – e sem resolver a logística da entrega da tal madeira siberiana.
A última promessa é que o velódromo esteja concluído 100% até 31 de maio, e que haverá um “teste”, feito por ciclistas nacionais, entre 25 e 27 de junho, da funcionalidade da pista. Isso bastará? Pode ser, mas que tudo deveria ter sido diferente, não há a menor dúvida.