Não estranhe se nos próximos dias for confirmada a renúncia do dirigente Tsunekazu Takeda da presidência do comitê olímpico do Japão. Para quem não faz ideia do que estou falando, o também comandante do comitê organizador Tóquio-2020, é acusado pela Justiça da França de corrupção e compra de votos para a cidade japonesa ser escolhida sede dos Jogos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
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Para um país calejado em escândalos como o Brasil, talvez esta notícia nem cause tanto impacto assim. Não para os japoneses.
A acusação de participação em um esquema de compra de votos para vencer a eleição na Assembleia Geral do COI em 2013, na cidade de Buenos Aires, tem sido um peso tremendo na imagem da Olimpíada de Tóquio. Mas é capaz que os japoneses se livrem em breve de seu “bode na sala”.
Segundo a rede de TV japonesa NHK, Takeda tem sido cada vez mais pressionado a deixar o cargo de presidente do comitê olímpico do país (JOC). O cartola, de 71 anos, que foi atleta olímpico do hipismo na Olimpíada de Tóquio-1964, Munique-1972 e Montreal-1976, preside o JOC desde 2001. As acusações de corrupção, contudo, estão tornando insustentável sua permanência no cargo.
Não foi confirmado se Takeda também irá abrir mão do comando do comitê organizador, mas na imprensa japonesa sua saída nesta entidade também é dada como certa.
No começo do ano, o jornal francês “Le Monde” publicou que Tsunekazu Takeda seria indiciado pela Justiça da França. Ele é acusado de ter autorizado o pagamento de US$ 2 milhões para comprar votos que garantissem a vitória de Tóquio na eleição de 2013.
Veja algumas arenas de Tóquio-2020
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Takeda já havia sido questionado por promotores japoneses em 2017 a respeito destes pagamentos. Na ocasião, também negou qualquer envolvimento com subornos.
Segundo o “Le Monde”, Takeda é acusado de corrupção ativa pelo Ministério Público francês. O dinheiro teria sido transferido para Cingapura, tendo como destino uma conta de Papa Massata Diak. O mesmo Diak, filho do ex-presidente da Iaaf, Lamine Diak, foi envolvido nas investigações de compra de votos do Rio de Janeiro para os Jogos de 2016. O caso culminou com a queda de Carlos Arthur Nuzman no comando do COB (Comitê Olímpico do Brasil), em 2017.
A crise já chegou a criar situações embaraçosas para o veterano cartola japonês. Ele teria sido “aconselhado” a não participar de uma reunião da diretoria de marketing do COI, da qual faz parte, em janeiro. No início de março, ele também “faltou” ao encontro do Conselho Olímpico da Ásia, na Tailândia.
Por enquanto, Tsunekazu Takeda tenta se segurar no cargo. Mas pode ser por muito pouco tempo.