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Organização de Tóquio-2020 coleciona mais um vexame ético

Empresa que participa das obras de arenas dos próximos Jogos Olímpicos admite ter manipulado dados de segurança de terremotos

Conhecido pela organização e ética, o povo japonês vem tendo essa imagem abalada na preparação para a Olimpíada de Tóquio-2020.

Primeiro, o projeto do estádio olímpico foi refeito, em razão de seu alto custo (mais de US$ 2 bilhões).

Depois, o logotipo oficial dos Jogos também foi trocado, após uma vergonhosa acusação de plágio. Por fim, a própria escolha de Tóquio como sede sofre com as acusações de compra de votos, investigadas pela justiça da França.

E não é que a série de vexames também chega às obras olímpicas?

Obras do futuro Centro Aquático Olímpico de Tóquio para 2020, em foto do último mês de setembro (Crédito: Divulgação)

De acordo com o site “Inside the Games”, uma empresa de hidráulica envolvida na construção de algumas arenas de Tóquio-2020 admitiu ter manipulado dados de segurança de terremoto.

Para quem não sabe, o Japão é um dos países que mais sofrem com abalos sísmicos. A população inclusive já está acostumado com pequenos abalos diários

Mas o país sofreu uma tragédia imensa em 2011. Um terremoto de 9.1 de magnitude, seguido de um tsunami na costa leste do país deixou um saldo de mais de 15 mil mortos.

O desastre causou ainda a explosão na usina nuclear de Fukushima, que por pouco não teve consequências ainda mais sérias.

No ano passado, o governo japonês chegou a divulgar um estudo segundo o qual há uma chance de 70% de um terremoto de magnitude 7 atingir a região metropolitana de Tóquio nos próximos 30 anos.

Dados manipulados

Mesmo diante de um tema tão delicado, uma empresa admite ter manipulado dados para segurança de abalos sísmicos.

A KYB, que atua na construção do Centro Aquático Olímpico e a Arena Ariake, que receberá jogos da fase de grupos do vôlei, teve sua postura ética criticada pela prefeitura de Tóquio.

A companhia admitiu que manipulou dados para amortecedores hidráulicos para reduzir os tremores em abalos sísmicos. Na verdade, a manipulação pela empresa vem ocorrendo desde 2003.

Ela também é responsável por colocar seus equipamentos hidráulicos na Tokyo Skytree Tower, que deverá ser um dos pontos turísticos mais concorridos durante a Olimpíada.

Embora tenha admitido que não há perigo imediato, a KYB prometeu que irá substituir os dispositivos afetados. Isso não evitou a bronca pública do prefeito de Tóquio, Ichiro Matsui.

“Isso mostra um declínio da ética corporativa. Quero que a empresa reconheça que a falsificação poderia colocar em risco a vida das pessoas”, disse Matsui.

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