O século 21 caminha para sua segunda década, mas algumas confederações esportivas do Brasil insistem em manter práticas de um passado de triste memória.
Um destes exemplos é a CBTarco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco).
Excelente reportagem publicada nesta quarta-feira no site globoesporte.com, de autoria do companheiro Thierry Gozzer, mostrou que a entidade que comanda o tiro com arco no Brasil tem que rever os conceitos de uma boa gestão esportiva.
De acordo com a reportagem, Ane Marcelle dos Santos, que chegou às oitavas de final na Olimpíada Rio-2016 – melhor resultado da história do país na modalidade -, precisa pagar para utilizar as dependências do centro de treinamento da CBTarco, em Maricá (RJ).
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Ela e outros atletas do alto rendimento têm que pagar R$ 250 mensais se quiserem treinar no CT.
A desculpa da CBTarco é que a verba é necessária para manutenção da área.
Para Anne Marcelle, que não tem patrocinador e conta apenas como Bolsa Atleta, esta despesa pesa consideravelmente em sua preparação.
Com ajuda da prefeitura de Maricá, ela conseguiu uma área para realizar seus treinos.
Justificativa
A confederação se defende, dizendo que não cobra de atletas convocados para treinos e nem na semana que antecede seletivas ou eventos no próprio CT.
A justificativa não se sustenta quando são exibidos os valores que a CBTarco recebe de repasse da Lei Agnelo/Piva.
Na temporada de 2018, a entidade recebeu um total de R$ 2.510.700,47. Mais do que o tênis de mesa, que tem atualmente um atleta (Hugo Calderano) entre os dez melhores do mundo.
Não há desculpa que justifique a CBTarco cobrar R$ 18 por dia para um atleta treinar em seu CT.
O centro de treinamento de Maricá foi erguido com verbas da Lei Agnelo/Piva. Inaugurado em maio de 2010, custou R$ 320 mil e tem uma área de 24 mil m².