Você é daqueles que ainda não engoliu direito saber que o skate e o surfe se tornaram esportes olímpicos? Não consegue entender como escalada esportiva será disputada em Tóquio-2020? Achou bizarro boa parte das novas provas aprovadas, como revezamento misto no atletismo e natação? É crítico da proposta política do COI (Comitê Olímpico Internacional) de escolher duas sedes olímpicas de uma vez (2024 e 2028)?
Pois bem, tenho uma má notícia para você: tudo isso pode piorar. E muito.
Em uma proposta de fazer o Barão de Coubertin se revirar no túmulo, o presidente (equivalente ao governador no Brasil) do estado da Renânia do Norte-Vestfália, o maior da Alemanha, lançou um plano de candidatura para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2032. Mas não seria uma proposta qualquer. Os alemães pretendem apresentar uma candidatura de 13 cidades da região ao COI. Entre as cidades, algumas das mais importantes do país, como Dusseldorf, Dortmund, Colônia e Bonn. A informação foi publicada pelo site “Inside the Games”.
O plano apresentado por Armin Laschet, presidente da Renânia do Norte-Vestfália, teria como principal atrativo o de se encaixar perfeitamente na Agenda 2020, lançada pelo presidente do COI, o alemão Thomas Bach, que entre os objetivos tem o de reduzir os custos da Olimpíada. Não é à toa que cada vez menos as principais cidades do mundo vem declinando do sonho de receber os Jogos.
Além de dividir a conta salgada em 13 partes, a proposta alemã tem um outro ponto interessante: pelo menos 80% dos locais de competição já estão prontos, entre eles 16 estádios com capacidade para 30 mil pessoas e 24 modernas arenas esportivas.
Mas se o projeto apresenta argumentos interessantes nestes tempos de dinheiro curto e com maior apelo à sustentabilidade, um outro ponto se mostra praticamente decisivo para causar uma forte resistência dentro do COI: isso jamais foi feito na história das Olimpíadas e na prática, vai contra o que está escrito na Carta Olímpica.
O conceito dos Jogos Olímpicos é de que o evento seja celebrado a cada quatro anos em uma cidade escolhida pela Assembleia Geral do COI. Para uma mudança deste porte, “repartindo” a Olimpíada em 13 locais diferentes, seria preciso muito jogo de cintura para convencer os membros do Comitê Olímpico.
E um outro detalhe que não foi citado na proposta alemã: nada se fala sobre a localização de um estádio olímpico central ou mesmo da Vila Olímpica dos Atletas. O conceito dos Jogos de união e congraçamento entre atletas de diversos países é algo que dificilmente o COI abriria mão. E como fazer para deslocar tanta gente em tantas cidades diferentes?
Os passos mais recentes do movimento olímpico estão nos ensinando a não duvidar de nada. Do surfe e o skate para uma Olimpíada em 13 cidades, tudo é possível. A questão é aceitar ou não estes novos tempos.
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