Acredite, não é pegadinha. Muito pelo contrário.
A agência de notícias Bloomberg, especializada no mercado financeiro, publicou nesta sexta-feira uma reportagem mostrando que o Comitê Rio-2016, ainda com uma dívida de R$ 100 milhões (US$ 32 milhões) com diversos fornecedores, encontrou uma solução no mínimo inusitada para quitar seus compromissos: oferecer aparelhos de ar-condicionado, unidades portáteis de energia e cabos elétricos em vez de dinheiro ou como parte do pagamento.
Não é segredo que os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro enfrentaram diversos problemas para finalizar a preparação do megaevento, realizado entre 5 e 21 de agosto (as Paralimpíadas aconteceram entre 7 e 18 de setembro). No começo do ano passado, o comitê organizador reconheceu os problemas de fluxo de caixa e anunciou diversos cortes para baratear o custo final dos Jogos, envolvendo desde a estrutura para o centro de imprensa e chegando ao acabamento de várias das arenas onde foram realizadas das competições.
A Bloomberg ouviu o diretor de comunicação da Rio-2016, Mario Andrada, que disse que o comitê tenta um desconto de 30% para quitar as dívidas. E eles precisam correr para resolver a pendência. No próximo mês de junho, o órgão será desativado e a obrigação de pagar aos credores ficará sob responsabilidade dos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro. A atual situação de penúria financeira dos dois poderes não traz muito alento a quem ainda tem pendências a receber da Rio-2016.
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Um outro ponto na equação da dívida da Rio-2016, e que não foi abordada na matéria da Bloomberg, é com os torcedores que ainda aguardam o reembolso dos ingressos revendidos no próprio site dos Jogos. Inicialmente previsto para ocorrer no máximo em um mês após o final da Paralimpíada, o reembolso atrasou de tal forma que começaram a pipocar reclamações nos órgãos de defesa do consumidor contra o comitê organizador.
Foi inclusive aplicada uma multa de R$ 588 mil em dezembro pelo Procon do Rio, mas a Rio-2016 recorreu e o processo está em andamento. Segundop mario Andrada, ainda restam cerca de 1.000 pessoas que ainda aguardam o reembolso (que pode ser solicitado pelo e-mail reembolso@rio2016.com).
O trecho mais curioso da reportagem foi quando o diretor da Rio-2016 lembrou que o ex-governador Sérgio Cabral, preso por causa da Operação Lava Jato desde o ano passado, possivelmente esteja dormindo em um colchão usado na Vila Olímpica. Parte dos móveis e objetos dos prédios que receberam os atletas foram doados ao presídio onde Cabral está detido.
Para ver a reportagem completa da Bloomberg, clique aqui.