* Coluna publicada na edição desta segunda-feira do Lance!
Há 12 dias “morando” no Rio de Janeiro, integrado à equipe do LANCE! para a cobertura dos Jogos Rio-2016, é natural que a minha percepção esteja totalmente voltada para a Olimpíada. Para um jornalista que trabalha com esportes, esta será uma espécie de Disneylândia pelas próximas três semanas. Estar aqui é o sonho de qualquer um. É natural que a expectativa de quem está diariamente visitando a Vila dos Atletas, o Parque Olímpico, o Centro de Imprensa etc seja a maior possível para o começo dos Jogos. Porém, uma dúvida insiste em martelar a minha cabeça: o povo carioca saberá como curtir e aproveitar os Jogos Olímpicos?
A impressão que se tem, ao menos em quase duas semanas instalado aqui, é que uma boa parte da população ainda não foi “contaminada” favoravelmente pelo espírito olímpico. E nem se pode acusar o carioca de estar conspirando contra a maior competição do esporte mundial. Os motivos para não vibrar com a Olimpíada já foram exaustivamente debatidos ao longo dos últimos anos: problemas de segurança, saúde pública e com a educação são as maiores justificativas que ouço quando converso com as pessoas que não estão envolvidas diretamente nos Jogos.
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Mas imagino que aquele sentimento de um certo descaso misturado com raiva que o povão tem demonstrado com a Olimpíada, irá mudar bastante já neste começo de semana, a última antes da abertura dos Jogos, marcada para esta sexta-feira. Algo semelhante com o que presenciei em Londres, há quatro anos, em uma cidade que já tinha sido sede olímpica em outras duas ocasiões e com menos problemas econômicos e sociais do que o Rio de Janeiro.
O humor do britânico, que não se pode dizer que é uma maravilha, estava ainda pior poucas semanas antes da abertura. Tudo era motivo para críticas, desde a equipe de segurança que rompeu o contrato com o comitê organizador até à ameaça de caos no transporte público. No final, o povo abraçou a Olimpíada, que foi um sucesso absoluto. Alguma coisa me diz que a Rio-2016 terá o mesmo destino no coração do carioca. Motivos para isso não irão faltar. Será uma festa sensacional.
Canguru zicado
Calma, não se trata de uma denúncia de infecção do zika virus no simpático marsupial. Mas depois de encontrar seus apartamentos em condições deploráveis, a delegação da Austrália sofreu com um princípio de incêndio em seu prédio e ainda teve furtos de computadores e uniformes. A fase dos australianos está longe de ser das melhores.
Fim do jejum?
De todas as medalhas previstas para o Brasil nesta Rio-2016, talvez a mais inesperada delas venha de um esporte que há 96 anos vive um belo jejum olímpico. Líder do ranking mundial na pistola de ar 10 m, Felipe Wu pode surpreender e subir no pódio no próximo sábado, dando ao tiro esportivo sua primeira medalha desde os Jogos de Antuérpia-1920.