Há tempos que o esporte olímpico brasileiro não tinha uma sequência de notícias tão desagradáveis como visto nesta última semana. Algumas que se tivessem ocorrido em um país com o mínimo de seriedade, teriam causado a demissão de seus responsáveis.
E dois destes episódios ocorreram com o basquete, uma das modalidades mais populares do país, com tradição de nada menos do que cinco medalhas olímpicas – três entre os homens e duas com as mulheres -, mas que vive momentos distintos. Se dentro da quadra o Brasil passa por uma fase de muito prestígio, com nada menos do que nove jogadores do país atuando na NBA, a principal liga profissional do mundo, fora das quadras o basquete brasileiro vive uma crise de gestão e valores impressionante.
A atual administração da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), que entre outros vexames recentes precisou pedir um convite para a equipe masculina disputar o último Mundial, em 2014, deu um calote na Fiba (Federação Internacional de Basquete) e só pelos seus patrocinadores conseguirá quitar a dívida, teve desmascarada mais um exemplo de péssima gestão, graças à oportuna reportagem de Lúcio de Castro, no UOL, na última quarta-feira. Estarrecedor é o mínimo que se pode dizer das informações que ele revelou.
De forma resumida, a reportagem mostra que os cofres da CBB pagaram diversas despesas da mulher do presidente da entidade, Carlos Nunes. Gastos em jantares de luxo, passagens e hospedagens de Clarice Garbi, companheira do dirigente, sem que ela tivesse qualquer função com os eventos oficiais em que o marido estivesse presente. De acordo com os números apresentados, gastos de mais de R$ 2,3 milhões foram recusados pela Eletrobras, antigo patrocinador da entidade, justificando a recusa como gastos sem previsão contratual.
A CBB divulgou uma nota oficial no mesmo dia, alegando que entregou todas as notas de despesas para a Eletrobras, que fez as devidas análises, vetando o que achava necessário. Negou que tenha feito gastos indevidos com dinheiro público, mas não justificou gastos elevados em jantares no exterior, muito menos a presença da mulher de Nunes, com despesas pagas, em eventos oficiais da entidade.
Como desgraça pouca é bobagem, a CBB ainda se viu envolvida em uma polêmica com as equipes que compõe a LBF (Liga de Basquete Feminino), que organizam a Liga Nacional. Dirigentes dos seis clubes integrantes da competição divulgaram comunicado onde mostram “medo por um vexame da seleção nas Olimpíadas”, pedindo o controle da modalidade no país e criticando a má gestão de Carlos Nunes à frente da CBB. Por fim, avisaram que não irão ceder suas jogadoras à seleção brasileira para o evento-teste de janeiro de 29016, caso as exigências não sejam aceitas.
Entre as principais jogadoras que hoje atuam no Brasil estão Érika, Damiris, Iziane, Nádia e Clarissa. A CBB até marcou um encontro para tentar acalmar os ânimos na próxima quinta-feira (3), no Rio.
Por fim, a última pérola esportiva da semana aconteceu em Brasília. Em reta final de preparação para participar do Campeonato Mundial feminino de handebol, a seleção brasileira, atual campeã do mundo, iria disputar nesta sexta-feira a rodada inicial de um quadrangular internacional, contra a Eslovênia, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, A rodada dupla seria completada com Sérvia e Argentina.
Só que a cobertura do ginásio não resistiu às chuvas que castigaram a capital federal. Goteiras por todo lado causaram umidade na quadra e uma jogadora da Eslovênia acabou caindo de forma perigosa. Sem condições de jogo, coube à Dara, capitã da seleção brasileira, falar ao público que as partidas não iriam acontecer. Neste sábado, Brasil e Eslovênia chegaram a iniciar a partida, mas novamente o piso úmido causou a queda de atletas das duas equipes e os jogos foram suspensos. As partidas restantes do quadrangular serão realizadas no Ginásio do Corpo dos Bombeiros.
Só para lembrar que o Nilson Nelson é o maior ginásio do Distrito Federal, com capacidade para receber 16 mil pessoas, já recebeu partidas da Liga Mundial de vôlei, Mundial de futsal, lutas de boxe de Éder Jofre e Acelino Popó, entre outros eventos esportivos. Simplesmente uma vergonha tudo isso que ocorreu.
PS: Bem lembrado pelo companheiro Guilherme Costa, do Globoesporte.com, um outro episódio lamentável para a semana do esporte olímpico brasileiro, o doping de Clélia Costa, principal esperança de medalha nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 no boxe feminino, na categoria até 52 kg, anunciado na última quinta-feira. Medalha de bronze no Mundial do ano passado, ela testou positivo para a substância furosemida. Levou uma suspensão de 180 dias e terá muitas dificuldades para conseguir sua vaga nas Olimpíadas.