Se existe algo que sempre me encantou no universo do jornalismo esportivo, em particular dos atletas olímpicos, são as histórias de vida. Em especial daqueles personagens menos badalados, sobre os quais os holofotes da fama quase sempre passam longe. São relatos de muito esforço, às vezes algum sofrimento e invariavelmente repleto de dificuldades financeiras para chegar ao ponto alto da carreira, que é o de representar a seleção brasileira em Mundiais ou Jogos Olímpicos.
Tive o prazer de contar uma destas histórias emocionantes em minha primeira colaboração ao UOL Esporte, que foi o perfil de Wagner Domingos, o Montanha, que será o primeiro brasileiro a competir no lançamento do martelo em Mundiais de atletismo. Na reportagem, publicada nesta quinta-feira, Montanha mostra um pouco da dificuldade que a maioria absoluta dos atletas brasileiros afastados dos grandes centros encontra para treinar e se dedicar a uma modalidade esportiva.
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No caso de Montanha, que nasceu em Recife, a distância de 40 minutos de ônibus de sua casa para o centro de treinamento – que dificultava a sua presença na segunda sessão de treinos diária – acabou criando uma alternativa inusitada: ele fazia exercícios com um botijão de gás vazio, simulando os movimentos do lançamento do implemento. É pouco provável que este treinamento adaptado tenha tido alguma influência na evolução técnica da carreira de Montanha, mas só demonstra que dedicação e criatividade às vezes superam a falta de estrutura.
A bonita história de Wagner Domingos, que inclusive venceu um câncer maligno na bexiga, em 2011, pode ser conferida aqui. O Mundial de atletismo de Pequim começa nesta sexta-feira à noite (manhã de sábado, dia 22, na China).