A primeira imagem que me veio à mente quando vi o ginasta Diego Hypólito surpreendentemente ao chão, no final de sua apresentação na prova do solo, no último domingo, é que este rapaz teria sua vida transformada num inferno. Considerado favorito absoluto para conquistar a medalha de ouro pela conceituada revista americana “Sports Illustrated”, Diego estampou no rosto mo espanto que tantas pessoas sentiram ao ver aquela cena.
Nesta terça-feira, Diego Hypólito resolveu encarar os jornalistas brasileiros que estão em Pequim. Voltou a pedir desculpas por não trazer a medalha – coisa que absolutamente ele precisa fazer, afinal não deve nada a ninguém – e negou, enfático, que tenha sentido a pressão de estar tão perto do ouro.
Dando uma garimpada em diversos sites, pesquei as frases mais interessantes de Diego: “Não sou amarelão. Disputei cinco mundiais e sei lidar com a pressão(…) Gosto de decisões, o que aconteceu foi uma fatalidade(…) a ferida está aberta, mas o Diego está inteiro, está vivo”.
Engraçado como às vezes as palavras não conseguem expressar exatamente aquilo que a pessoa está sentindo. Pode até ser que Diego Hypólito realmente não tenha sentido a pressão, mas exibia uma auto-confiança acima do normal. Nas entrevistas (poucas) que dava dias antes da prova, era nítido que o brasileiro já se sentia com a medalha no peito. O sorriso que exibia durante sua série era um sinal de que ele sentia o ouro garantido.
E a tomar como base as palavras de pessoas próximas ao ginasta, a tese de que ele não sentiu a pressão passa a ser questionada. Como, por exemplo, da técnica ucraniana Irina Ilyiashenko, da seleção feminina, ao jornal O Globo: “Ele não aguentou a pressão psicológica”. Ou o que disse a presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, Vicélia Florenzano, também ao Globo: “Ele implodiu depois da derrota (…) É claro que não vai ficar feliz de um dia para o outro, mas fiquei preocupada com a forma como sentiu tudo isso”.