Fosse o Brasil um país no qual a monocultura esportiva não está arraigada até a alma, o velejador Robert Scheidt estaria sendo exaltado nesta terça-feira.
No Mundial da classe Laser, encerrado em Sakaiminato, no Japão, Scheidt terminou na 12ª colocação. Esta posição, pelos critérios estabelecidos pela CBVela (Confederação Brasileira de Vela), assegura provisoriamente o velejador na Olimpíada de Tóquio-2020. Se confirmada, será a sétima participação olímpica de Scheidt, recorde no esporte brasileiro.
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Scheidt só não irá para os Jogos de Tóquio caso algum outro velejador brasileiro chegue ao pódio nas duas próximas competições da Laser. São elas o evento-teste na raia olímpica de Enoshima, em agosto, ou no Mundial de 2020, marcado para Melbourne (AUS).
Se pensarmos que Robert Scheidt, de 46 anos, estava aposentado das competições das classes olímpicas até outubro de 2018, o significado do resultado obtido no Japão fica ainda mais relevante.
Não sou ingênuo a ponto de achar que a vela poderia desbancar das manchetes esportivas o rescaldo do “emocionante” título da Copa América conquistado diante da poderosa seleção do Peru (sim, contém ironia).
Mas é inegável que o feito alcançado por Scheidt nesta terça-feira demonstra bem a grandeza daquele que é atualmente o maior atleta olímpico do Brasil em atividade. E os números não me deixam mentir.
Scheidt tem hoje o maior número de medalhas olímpicas conquistadas por um único atleta, ao lado do também velejador Torben Grael. São cinco no total, sendo sendo duas de ouro (Atlanta-1996 e Atenas-2004), duas de prata (Sydney-2000 e Pequim-2008). Em sua sexta campanha olímpica, na Rio-2016, Scheidt passou em branco.
Em Mundiais, as marcas do velejador brasileiro são ainda mais relevantes. Foram 11 títulos na classe Laser e outros três na Star, em parceria com Bruno Prada.
Perto de se isolar como o brasileiro com maior presença em Jogos Olímpicos de Verão, Robert Scheidt pode ter sua marca igualada no ano que vem apenas pela volante Formiga, de 41 anos. A jogadora, que defendeu o Brasil na recém-encerrada Copa do Mundo da França, já disse que quer disputar mais uma Olimpíada.
Sorte do esporte olímpico brasileiro contar com um destruidor de recordes como Robert Scheidt.
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