Principal festa do esporte brasileiro, o Prêmio Brasil Olímpico, que acontecerá no Rio no próximo dia 18, fará duas homenagens mais do que merecidas.
Primeira brasileira campeã olímpica, ao levar o ouro em Atlanta-1996 ao lado de Sandra Pires no vôlei de praia, Jaqueline Silva receberá o Prêmio Adhemar Ferreira da Silva, que homenageia atletas e ex-atletas do Brasil que representem os valores que marcaram a carreira e a vida do bicampeão olímpico no salto triplo.
Treinador que estava ai lado do judoca Aurélio Miguel no título olímpico na Olimpíada de Seul-1988, Geraldo Bernardes receberá na cerimônia o Prêmio COI, graças a seu trabalho no Instituto Reação, que faz um incrível trabalho de inclusão social na comunidade da Rocinha e revelou a campeã olímpica Rafaela Silva. O Reação também ajudou na preparação de Yolande Bukasa e Popole Misenga, que fizeram parte do Time de Refugiados do COI que disputou a Rio-2016.
Se a escolha de Bernardes vem premiar um dos mais vitoriosos treinadores do judô do Brasil – ele teve participação na conquista de seis medalhas olímpicas na modalidade -, a homenagem à Jaqueline no Prêmio Brasil Olímpico irá compensar injustiças sofridas no passado.
Dona de um talento enorme, proporcional à sua personalidade forte, Jackie ficou famosa por suas brigas com o então presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), Carlos Arthur Nuzman.
Fez parte da primeira geração que popularizou a modalidade no Brasil, no início dos anos 80. Esteve nas duas primeiras participações do vôlei feminino em Olimpíadas – Moscou-1980 e Los Angeles-1984, como titular -. Mas teve diversas desavenças com Nuzman. Chegou a ser cortada da equipe em três oportunidades.
Em 1985, foi banida definitivamente da seleção pelo dirigente.
Ela não concordava em fazer publicidade gratuita dos patrocinadores da equipe (que começou a existir na época) e vestiu o uniforme pelo avesso. Os atletas não recebiam nenhum valor de direito de imagem ou coisa parecida.
Reinvenção nos EUA
A carreira de Jaqueline só não terminou porque ele se reinventou, ao mudar-se para os Estados Unidos e começar a jogar vôlei de praia, que ainda não era um esporte olímpico. Quando decidiu-se que a modalidade estrearia nos Jogos de 1996, em Atlanta, Jackie e Nuzman acertaram as arestas. O que não quer dizer que as mágoas do passado foram totalmente enterradas.
Em 2016, foi realizado um evento para festejar os 20 anos das medalhas brasileiras no vôlei de praia em Atlanta. Além do ouro de Jaqueline e Sandra, as compatriotas Monica e Adriana levaram a prata.
Realizado poucos dias antes da Rio-2016, o evento recebeu atenção intensa da imprensa brasileira. Afinal, além das homenageadas, lá estaria também Nuzman, então presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê organizador da Olimpíada.
O dirigente chegou no horário previsto, e ficou num canto do restaurante, aguardando a chegada das medalhistas. Todas apareceram relativamente dentro do horário – menos Jaqueline. Com quase uma hora de atraso, Nuzman alegou que tinha algum compromisso com os cartolas do COI e se mandou.
Coincidência ou não, logo depois de sua saída, Jaqueline apareceu. Segundo ela, o atraso ocorreu por causa na demora no credenciamento. Em 2016, ela comentou as partidas de vôlei pela ESPN.
Não dá para cravar se a desculpa era verdadeira ou não. Só sei que ela não receberia este prêmio se Nuzman ainda desse as cartas lá no COB.
O Prêmio Brasil Olímpico será realizado às 20h do próximo dia 18, o Teatro Bradesco, no shopping Village Mall, zona oeste do Rio de Janeiro.