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Seleção Brasileira

A importância de Érika Miranda para o judô feminino brasileiro

De forma surpreendente, judoca anuncia sua aposentadoria, com apenas 31 anos, após ter ajudado a construir uma história de vitórias na modalidade no Brasil

A grande bomba desta terça-feira (30) no esporte olímpico foi o anúncio da aposentadoria da judoca Érika Miranda. Mesmo com 31 anos, idade baixa para os padrões atuais do esporte, ela parou no auge da carreira. Fez o comunicado por meio de sua conta no Instagram.

Nesta quarta-feira (31), ela dará uma coletiva na sede da Sogipa (RS), clube que defendia atualmente.

 

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Hoje, com orgulho e emoção, venho despedir da minha carreira no Judô, esporte pelo qual vivi todos os dias com empenho, disciplina, profissionalismo e renúncias, mas sobretudo, com amor e paixão. Há momentos na vida que somos compelidos a tomar decisões importantes e esta, sem dúvida, é a mais difícil para mim: deixar o Judô a fim de priorizar a minha saúde. Sempre confiei nos desígnios de Deus e Ele é o guia dos meus passos. Minha trajetória , com certeza, foi abençoada e sou imensamente grata por todas as alegrias e tristezas, conquistas e fracassos que vivenciei , reconhecendo esses momentos como fundamentais para a minha evolução e amadurecimento. É imensuravel o quanto aprendi com o Judô, a ser disciplinada, competitiva, justa e a superar os meus limites. Por meio do Judô, vivenciei outras culturas e conheci outros países, experimentei o êxtase e a alegria de levar para o Brasil inúmeras medalhas, mas também aprendi a aceitar com humildade a derrota e a reconhecer o merecimento do meu adversário. O Judô me transformou em inspiração para outros jovens, que passaram a ver no esporte uma esperança de dias melhores, e isso é muito gratificante! Acredito que foi a maior dádiva que recebi ao escolher a vida de judoca profissional. Obrigada a todos os que tornaram essa jornada possível. Agradeço à minha família e aos amigos que dividiram comigo os sorrisos e me acolheram nas angústias, em especial à minha mãe, Maria Lúcia, que sempre foi um exemplo de força, resiliência e garra e vislumbrou no Judô, desde quando eu era uma criança, uma oportunidade de vida mais justa para mim e meus irmãos. . CONTINUA NOS COMENTÁRIOS…..

Uma publicação compartilhada por Erika Miranda (@erikamirandajudo) em

Pelas pistas que deixou em seu texto, Érika disse que pretende cuidar mais da saúde daqui para frente. Segundo o blog “Olhar Olímpico”, do UOL, ela vinha sofrendo para se manter no peso de sua categoria (52 kg). De qualquer forma, a agora ex-judoca dará mais detalhes na coletiva desta quarta.

Mas acima das razões para optar pelo adeus, uma decisão exclusivamente pessoal, é importante ressaltar a importância de Érika Miranda para o judô feminino brasileiro.

Ela não chegou a ser medalhista olímpica, embora tivesse chegado bem perto disso. Na Rio-2016, perdeu a disputa do bronze para a japonesa Misato Nakamura. E para um país monoculturista esportivo como o nosso, que só valoriza os vencedores, que peso tem um quinto lugar em Olimpíada?

A judoca Érika Miranda decidiu aposentar-se com apenas 31 anos (Crédito; IJF)

Currículo brilhante

Só que Érika Miranda construiu um currículo bem mais rico. Para ficar em eventos recentes, foi ela quem evitou que o judô brasileiro passasse em branco no Mundial de Baku (Azerbaijão), faturando a medalha de bronze.

Este resultado fez com que ela se igualasse à Mayra Aguiar como recordistas de medalhas em Mundiais, cinco no total. No Pan-Americano de Toronto-2015, levou a medalha de ouro, após duas pratas nas edições anteriores (Guadalajara-2011 e Rio-2007).

Érika Miranda decidiu deixar o tatame quando ocupava o quarto lugar no ranking mundial da IJF (Federação Internacional de Judô). No ritmo atual,  provavelmente estaria na equipe brasileira na Olimpíada de 2020, em Tóquio.

Se não bastasse todos estes números, vale ressaltar a importância de Érika Miranda dentro da seleção. Com perfil discreto, era uma das líderes da equipe. Além disso, teve papel fundamental para ajudar a tornar o judô feminino do Brasil como uma das referências na modalidade.

Sintomático que em sua última competição, tenha derrotado em Baku, na disputa do bronze, a jovem brasileira Jéssica Pereira. Uma discreta passagem de bastão, para quem sabe, manter a tradição do judô feminino.

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