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Seleção Brasileira

Adeus de Bolt, poucos recordes e novas caras: o balanço do Mundial de atletismo

Encerrado no último domingo, o Mundial de atletismo de Londres foi marcado pela decepcionante despedida de Usain Bolt e a medalha solitária do Brasil

* Texto de análise do Campeonato Mundial de atletismo, encerrado neste domingo, que escrevi a convite do Yahoo Esportes

O encerramento do Campeonato Mundial de atletismo no último domingo (13) deixou uma inevitável sensação de festa incompleta para muita gente. O desempenho decepcionante do astro jamaicano Usain Bolt foi fator preponderante para isso. Após a surpreendente derrota no dia 5, na final dos 100 metros, fato que só tinha ocorrido uma vez, em 2011, por uma desclassificação em razão de largada falsa, esperava-se a redenção no revezamento 4 x 100 m, sábado (12).

Só que a cena de Bolt mancando forte e depois caindo no chão gritando de dor, jogou um balde de água fria nos organizadores, que sonhavam em ver o astro jamaicano se despedir, se não com o ouro, ao menos subindo ao pódio pela última vez. Ao invés disso, a decepção de ver o maior ídolo do atletismo mundial saindo cabisbaixo, acenando timidamente para os aplausos do público que reconhecia ali que acabava uma era no esporte.

Primeira grande competição do atletismo após a Rio-2016, o Mundial de Londres coincidentemente deixou também um grande ponto de interrogação para a Jamaica. Se tinha em Bolt seu grande líder, a equipe jamaicana já pôde sentir na pista do Estádio Olímpico que os próximos anos prometem se complicados.

Enquanto que na edição anterior (Pequim-2015) a Jamaica ficou em segundo lugar no quadro de medalhas, com 12 no total (sete de ouro), em Londres os caribenhos amargaram um 16º lugar, empatados com a Holanda, com quatro medalhas (somente uma de ouro). Em compensação, os Estados Unidos ressurgiram como grande força mundial, liderando com folga o quadro de medalhas, com 30 pódios (dez de ouro).

Favoritos decepcionaram

Além de Bolt, outros favoritos contrariaram as expectativas em Londres. A jamaicana Elaine Thompson, campeã olímpica nos 100 m na Olimpíada Rio-2016, passou longe do pódio, ficando em quinto lugar e nem disputando os 200 metros, prova em que também foi campeã olímpica. Ídolo local, Mo Farah despediu-se das provas de pista (passará a correr a maratona) sem ter alcançado o objetivo de se sagrar tetracampeão mundial nos 5.000 m, mas ao menos festejou o tri nos 10.000 metros.

Londres viu raros recordes serem batidos – apenas um mundial, nos 50 km da marcha atlética feminina, e três do campeonato -, mas também consagrou nomes que poderão brilhar nos próximos anos, como o sul-africano Wayde van Niekerk, campeão nos 400 m e prata nos 200 m. Esta prova, dominada por Usain Bolt nos últimos dez anos, viu a surpreendente vitória do turco Ramil Guliyev, porém com um tempo muito fraco, 20s09. Como comparação, Bolt venceu a mesma prova na Rio-2016 com 19s78.

Brasil dentro do esperado

O Brasil deixou o Mundial de atletismo com somente uma medalha isolada, a de bronze, conquistada por Caio Bonfim nos 20 km da marcha atlética. Sem poder contar com Thiago Braz (campeão olímpico no salto com vara) e Núbia Soares (quarta do mundo no salto triplo), o país teve como consolo o de ter uma razoável presença em finais. Foram seis em Londres, sem contar aquelas com finais diretas.

Os melhores resultados foram de Thiago André, sétimo nos 800 m, e Rosângela Santos, sétima colocada nos 100 metros. Rosângela ainda conseguiu quebrar o recorde sul-americano na prova (10s91), enquanto Érica Sena também superou a marca continental nos 20 km da marcha (1h26min59). Decepção mesmo só a não classificação para a final de Darlan Romani, quinto do mundo no ano no arremesso do peso.

Houve uma evolução de presença em finais em relação ao Mundial de Pequim-2015 (somente três finais), embora há dois anos o atletismo brasileiro tenha saído com uma medalha de prata, com Fabiana Murer, no salto com vara. No balanço final, o Brasil acabou cumprindo em Londres o que dele se esperava de fato.

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