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Quem vai superar a lenda Usain Bolt?

Jamaicano Usain Bolt fará neste sábado sua despedida nos 100 m no Mundial de Londres. A dúvida é saber se alguém conseguirá superar seus feitos

Bom, fora Neymar e o PSG, ninguém irá atrair mais atenção do que Usain Bolt neste final de semana. O jamaicano fará neste sábado sua despedida dos 100 metros durante o Mundial de Londres. Nesta sexta (4), ele disputou a qualificação e passou sem maiores sustos, vencendo sua bateria com o tempo de 10s07.

Para entrar na onda de Bolt, aproveito aqui para reproduzir um texto que escrevi, a convite dos amigos do Yahoo Esportes, sobre a despedida de um dos maiores atletas que o mundo já conheceu.

 Bolt, o adeus de uma lenda

O homem que mudou a cara do atletismo mundial está próximo de deixar uma legião de fãs inconsoláveis. A partir desta sexta-feira, com a abertura do Campeonato Mundial de Londres (ING), inicia-se a contagem regressiva que ninguém queria que chegasse: a do adeus às pistas do jamaicano Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo. Sem medo do exagero, será a despedida de um dos atletas mais carismáticos deste século.

O mais inacreditável na igualmente impressionante trajetória vitoriosa de Bolt é que ele chega para sua última competição (pelo menos é o que ele mesmo assegura) com uma chance muito grande de marcar seu último ato com novas conquistas brilhantes. Nesta sexta (4), disputa as eliminatórias dos 100 m rasos, a partir das 16h20 (horário de Brasília). Se nenhuma zebra estratosférica ocorrer, voltará à pista no sábado (5) para a semifinal (15h05) e depois a final (17h45).

Em uma temporada em que esteve mais preocupado em se poupar e evitar lesões, Bolt competiu pouco. Foram três provas até chegar ao Mundial e sem resultados que o deixassem entre os três mais rápidos do ano. Ainda assim, o 9s95 que obteve na etapa de Montecarlo da Liga Diamante no dia 21 de julho o deixa como o quinto homem mais rápido nos 100 m em 2017. Para efeito de comparação, a melhor marca do ano na distância pertence ao americano Christian Coleman, 9s82.

A dúvida que atormenta o mundo do atletismo é se Bolt conseguirá se superar novamente e deixar para trás rivais mais velozes do que ele para se tornar tetracampeão na prova que o consagrou e que inclusive detém o recorde mundial (9s58). Só que Bolt parece receber uma dose extra de motivação toda vez que estes questionamentos aparecem.

“Tenho lido por aí que sou um azarão [no Mundial]. Então, terei que provar a mim mesmo que não sou”, disse o jamaicano, em uma concorrida entrevista coletiva durante um evento da Puma, um de seus patrocinadores, já em Londres, no início da semana.

Seria prudente que rivais e mesmo torcedores não duvidem do que Usain Bolt é capaz. Para quem não se lembra, há um ano, na Olimpíada Rio-2016, havia quem colocasse um belo ponto de interrogação ao falar em favoritismo do jamaicano para faturar novamente o ouro olímpico nos 100, 200 e 4 x 100 m. O resultado, bom, todos viram: um novo show e mais três medalhas douradas penduradas no pescoço.

“Não há palavras para explicar o que eu fiz ao longo dos anos e estou muito orgulhoso de mim mesmo”, afirma Bolt, sem espaço para modéstia. Diante de seus feitos, não é mesmo necessário usar de cautela para enaltecer seus feitos.

Feitos inigualáveis

Caso triunfe em Londres, Bolt conquistará seu quarto título mundial nos 100 metros e se voltar a vencer no revezamento 4 x 100 m, irá faturar o pentacampeonato. Só não terá cinco conquistas nos 100 m por conta da bizarra desclassificação no Mundial de 2011, em Daegu (Coreia do Sul), quando queimou a largada, justamente a parte considerada a mais fraca de sua corrida.

Os números, que no atletismo são fundamentais, dimensionam bem o tamanho do jamaicano no atletismo. Ele poderá encerrar sua carreira com 15 medalhas (13 de ouro e duas de prata) em mundiais. Nenhum atleta até hoje chegou perto disso. Em Olimpíadas, as marcas são igualmente impressionantes: tricampeão nos 100 m e 200 m (2008, 2012 e 2016), bicampeão no 4 x 100 m (2012 e 2016). Se não fosse um doping do companheiro de equipe Nesta Carter em 2008, descoberto no começo deste ano, seriam nove ouros olímpicos consecutivos. Outro feito inédito.

Usain Bolt, porém, é mais do que números e marcas. Ninguém no atletismo possuí o carisma que ele tem. Em uma época na qual os grandes protagonistas adoram mostrar cara de mau e uma marra sem tamanho, Bolt esbanja carisma antes de suas largadas, fazendo caretas para a câmera e nas comemorações, tornou imortal o gesto onde imita um raio, que depois incorporou como seu apelido. Selfies e pose para os fãs, mesmo nas votas de comemoração, tornaram-se rotina na trajetória do jamaicano.

Diante deste quadro, é quase impossível falar sobre quem poderá sucedê-lo. Como ídolo mundial, que extrapola o esporte, vai demorar muito para surgir alguém que se aproxime do que ele já fez. Dentro da pista, uma nova geração de velocistas chega com disposição para sucedê-lo.

A partir do Mundial de Londres, o caminho estará aberto para o americano Coleman, o sul-africano Akani Simbine (terceiro mais rápido do ano) e o canadense Andre de Grasse, fora do Mundial por lesão. O jamaicano Yohan Blake, que inclusive já foi campeão mundial nos 100 m, em 2011, também aparece como um nome para brigar por este protagonismo. Nenhum deles, contudo, jamais chegará perto de igualar os feitos alcançados por Usain Bolt.

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