Existem duas maneiras de analisar como a ausência de Thiago Braz irá refletir no desempenho do Brasil no Mundial de atletismo. Uma abordagem otimista, enquanto outra seria mais realista.
O corte do atual campeão olímpico do salto com vara no evento que começa nesta sexta-feira, em virtude de uma lesão ainda não curada na panturrilha, é positiva no sentido de preservação do ídolo. Não sou médico, portanto tenho que acreditar na avaliação tanto do atleta quanto de seu treinador, o experiente e competente ucraniano Vitaly Petrov. Se eles disseram que Braz não tem condições de estar 100% no Mundial de Londres, quem sou eu para discordar?
Aliás, relembrando o exemplo ocorrido há um ano, quando Fabiana Murer, maior nome da prova no país até então, competiu na Olimpíada rio-2016 mesmo com uma hérnia de disco, o ideal é que Thiago Braz seja mesmo preservado.
Existe também o fator psicológico. Como o diretor de Alto Rendimento da entidade, Antônio Carlos Gomes, confirmou à Folha de S. Paulo, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) resolveu “poupar” Braz no Mundial diante dos fracos resultados nesta temporada.
Segundo Gomes, a intenção tanto da CBAt quanto do próprio COB (Comitê Olímpico do Brasil) seria a de não ‘fritar’ Braz no caso de um desempenho ruim em Londres. Depois de levar o ouro olímpico com 6,03 m (recorde olímpico), melhor resultado de sua carreira, Thiago Braz patinou em 2017 na temporada ao ar livre. Seu melhor resultado foi um 5,60 m, em um meeting em Xangai (CHN).
O brasileiro chegou a disputar etapas da Liga Diamante em que nem conseguiu cravar uma marca.
Parte deste desempenho ruim pode ser explicado pela própria estratégia de Petrov. Após reunião com a CBAt, o ucraniano definiu que faria uma mudança radical no treinamento de Thiago Braz, visando os Jogos de Tóquio-2020. A intenção é torna-lo capaz não apenas de conquistar o bicampeonato olímpico, mas também quebrar o recorde mundial. Hoje, a marca está em poder do francês Renaud Lavillenie (6,16 m).
Se o pensamento for apenas pelo lado do resultado, é evidente o prejuízo que o atletismo brasileiro terá sem Thiago Braz. Se estivesse em forma e clinicamente recuperado, entraria sim com candidato a brigar pelo pódio. Sem ele, o Brasil dependerá novamente de algum resultado excepcional de Darlan Romani (peso), revezamento 4 x 400 m (masculino), Thiago André (800 e 1.500 m) ou os marchadores (Erica Sena e Caio Bonfim).
A partir da próxima sexta-feira, estas dúvidas serão resolvidas.
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