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Seleção Brasileira

Rodrigo Caio e o fair play olímpico

O gesto de fair play do zagueiro Rodrigo Caio, medalha de ouro no futebol na Rio-2016, é bem comum no universo das Olimpíadas. Veja alguns exemplos

O lance que rendeu toda a polêmica no esporte brasileiro: Rodrigo Caio, Jô e o cartão amarelo que foi retirado (Crédito: Daniel Augusto Jr)

O lance que rendeu toda a polêmica no esporte brasileiro: Rodrigo Caio, Jô e o cartão amarelo que foi retirado (Crédito: Daniel Augusto Jr)

O assunto que dominou o debate esportivo nos últimos dois dias no Brasil foi um gesto de honestidade. Sim, é incrível, mas no Brasil atual, fazer a coisa certa vira notícia. A atitude do zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, ao alertar que havia sido ele e não o atacante Jô, do Corinthians, que atingiu o goleiro tricolor Renan Ribeiro, abalou as estruturas. Ao assumir a culpa, o árbitro retirou o cartão amarelo dado ao corintiano. Isso significaria a suspensão de Jô para o próximo jogo.

Rodrigo Caio, que para quem não se lembra é medalhista de ouro olímpico no futebol da Rio-2016, apenas agiu com sua consciência. Usou o tão famoso “fair play”, expressão inglesa badalada mas muitas vezes sem efeito. O “jogo limpo” do zagueiro causou polêmica, com muitos aplaudindo e outros criticando. Inclusive dentro de sua própria equipe.

No universo olímpico, os casos são raros, mas por incrível que pareça, quase nunca despertam as mesmas reações encontradas no mundo do futebol. Relembramos abaixo alguns destes casos:

 

1) Nikki Hamblin (Nova Zelândia) e Abbey D’Agostino (EUA), do atletismo

As duas participavam da prova dos 5 mil metros na Rio-2016 quando se chocaram e caíram na pista do Engenhão. Hamblin foi a primeira a se levantar, mas, ao voltar a correr para recuperar o tempo perdido, ela parou ao ver a adversária caída chorando e incentivou a americana a se levantar. As duas então voltaram a correr, mas Hamblin começou a sentir a perna, que feriu na queda. Foi a vez de D’Agostino ajudar a colega a continuar o percurso. As duas terminaram a prova e se abraçaram na linha de chegada.

2) Esgrimista Jiri Beran (República Tcheca)

Na Rio-2016, durante uma disputa com o brasileiro Athos Schwantes, o tcheco corrigiu o árbitro ao perceber que ele tinha dado o ponto de um golpe para ele, mas que, na verdade, não aconteceu. O duelo estava no tempo extra, quando os esgrimistas tinham mais um minuto para pontuar. O brasileiro tinha aberto a vantagem com 5 a 3, quando o árbitro marcou um ponto para o tcheco, mas ele corrigiu o erro e acabou eliminado.

3) Simone Biles (EUA), ginástica artística

Após ganhar a medalha de bronze na prova da trave na Rio-2016, a estrela americana da ginástica artística disse que a brasileira Flavia Saraiva, que terminou em quinto, é quem merecia ter subido ao pódio.

4) Nada Meawad e Doaa Elghobashy (Egito), vôlei de praia

Dupla de vôlei de praia feminina do Egito, ambas muçulmanas, elas ficaram marcadas por sua participação na Rio-2016. Elghobashy segue uma linha mais rígida do islã e para jogar, usava calça de agasalho e o hijab, cobrindo sua cabeça. Apesar do forte calor e sem motivação religiosa, Meawad usou calças também, em respeito à parceira.

5) Jesse Owens (EUA) e Lutz Long (Alemanha), atletismo

Durante a Olimpíada de Berlim-1936, na eliminatória da prova do salto em distância, Jesse Owens não conseguia acertar direito a marca para fazer o salto e queimou as duas primeiras tentativas. Mais um erro e seria eliminado. Então, Long foi até ele e mostrou-lhe como poderia melhorar o salto. O conselho deu certo e o americano acabou se classificando. Depois, na final, levou a medalha de ouro, em plena Alemanha nazista. Após sua morte, Lutz Long recebeu a medalha Pierre de Coubertin pelo seu gesto.

6) Vanderlei Cordeiro de Lima (Brasil), atletismo

Durante a maratona nos Jogos de Atenas 2004- o brasileiro liderava a prova com folga quando foi atacado pelo padre irlandês Cornellius Horan. Vanderlei conseguiu voltar à prova, mas acabou sendo ultrapassado pelo italiano Stefano Baldini e pelo americano Meb Keflezighi. Ainda assim, conseguiu chegar em terceiro lugar e fez uma grande festa pelo resultado, sem reclamar de ter sido prejudicado. Acabou sendo agraciado pela medalha Pierre de Coubertin pelo COI no mesmo dia.

7) Eugenio Monti (Itália), bobslead

Nos Jogos Olímpicos de Inverno de Insbruck (AUT), em 1964, Monti emprestou um parafuso reserva de seu trenó aos ingleses Tony Nash e Robin Dixon, antes da final da prova de duplas. Os britânicos ficaram com o ouro, enquanto Monti e seu parceiro  Sergio Siorpaes levaram o bronze. Ao ser criticado pela imprensa italiana pelo gesto, Monti disse o seguinte: “Eles não venceram por cusa de um parafuso, mas sim porque foram mais rápidos”

8) Guilherme Murray (Brasil), esgrima

Durante o Pan-Americano de florete, em Aruba (2014), categoria 12 anos, ele recebu um ponto por um toque que não tinha feito. Guilherme alertou o árbitro, que retirou o ponto. Ele acabou perdendo a disputa. Pela atitude, recebeu o Diploma Mundial de Fair Play em 2016.

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